Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
A história de Dinorah você encontra em: DINORACOMAGANOFIM: Muito Prazer! Dinoracomagánofim.



Dinorah

Dinorah

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

MANTRA DE 2012

Sente aí meu irmão
É uma coisa rara de ver
O ano é bom, muito bom
Estou feliz podes crer

e

Por onde fores minha princesa
Serei teu vento, tua certeza
E os caminhos do alto por mais baixos que forem
Serão nosso alento, nosso abrigo, nossas flores









domingo, 18 de dezembro de 2011

BALANÇO

Uma porção de atividades, uma conexão horrorosamente morta-VIVO, compromissos, pouco tempo para escrever as muitas divagações, pouca paciência para internet, mas ao fazer o inevitável balanço de fim de ano, constato que este foi um ano totalmente fora do comum – de comum só as reclamações que não consegui emagrecer e que podia ter mais dinheiro – comuns, aliás, ao resto da humanidade.



Este ano vivi uma das mais incríveis experiências da minha vida. Fiz coisas que jamais imaginei, nestes meus 57 anos, que um dia iria fazer - e muito menos que iria ser tão feliz com toda esta função.



Confesso que a coisa que mais me dá prazer é conhecer gente. Descobrir que existem milhões de maneiras de viver - cada um tem um jeito, em cada momento, em cada lugar, que o normal pode ser diferente.



Aposentada, saí de uma capital no sul, vim morar em uma alegre cidadezinha no litoral do nordeste. Os costumes são outros, as festas são outras, a maneira de viver é outra, os valores são outros.



Foi neste lugar, tão diferente de tudo que conhecia que este ano fui professora de Artes e, devido à empolgação com a nova atividade, iniciei a faculdade de pedagogia.



Convivi com cerca de duzentas crianças. Nunca imaginei que pudesse gostar tanto destas criaturinhas irrequietas, falantes, brincalhonas, carinhosas – as daqui são muito carinhosas - inclusive os ogros e os gremlins - afinal, existem todo tipo de exemplares!





As colegas de faculdade, em sua maioria professoras de creches, mulheres simples, mães separadas que criam seus filhos, e os dos outros, com muito carinho, com muita dedicação.
Confirmei o lugar comum de que se recebe o que se dá. Termino este ano como não me lembro de ter terminado outro igual.




Por tudo isto, um brinde:






Tim! Tim! Muito obrigada por um ano tão especial!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Lição de casa - feita!

Falei com a coordenadora pedagógica, ela não achou imoral, ilegal, inconstitucional, impedagógico – ou seria melhor despedagógico? – o fato de eu querer dar um tênis para o garoto. Ela se encarregaria de dá-lo sem que ele ficasse sabendo de quem ganhou. Disfarçadamente, mostrei o menino a ela, concluímos o tamanho do pé. Comprei o tênis, ela chamou o menino, falou que tinha um presente para ele. Quando lhe entregou a caixa, contou que os olhos do garoto pareciam saltar das órbitas. Pediu que ele experimentasse. Muito encabulado, foi até um cantinho da sala, tirou os sapatos velhos – foi quando ela viu, através de quase nenhuma sola, o piso da sala. O calçado não tinha mais sola em todo o calcanhar.



Bom, não preciso dizer para ninguém que o garoto, aquele tímido, que pouco falava, que pouco brincava, é outro garoto. Continua educadinho, falando baixo, deve ser característica sua, mas agora está mais risonho, caminha com a cabeça erguida, corre e brinca com outras crianças – ficou maior, acho que andava tão encolhidinho que parecia muito mais miúdo do que realmente é. Na última aula levantou a mão para fazer perguntas, isto nunca havia acontecido antes.


Ele não sabe quem lhe deu os sapatos, mas me olha com uns olhos - aqueles de jabuticaba – com um brilho de emocionar.


Já, eu saltito feliz em saber que tem uma criança um pouquinho mais leve brincando naquela escola.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CORTAR OU NÃO CORTAR?

Resposta a uma dúvida que me assolava: Cortar ou não o cabelo. Estou me achando tão gorda e velha. Se cortar o cabelo tudo isto não vai aparecer ainda mais?


- Bem Dinorah, você tem duas opções: deixar crescer e se esconder dentro de uma grande bola de cabelo. Assim será uma gorda, velha e cabeluda. Ou, você pode ser uma gorda, velha, com um corte de cabelo transado...


- Tá bom! Corta!

sábado, 22 de outubro de 2011

Lição de casa.

Aproveito que em breve acontecerão as comemorações da semana da consciência negra (20/11) e ensino brincadeiras de origem africana, como pular corda, onoum – que é como chamam por aqui aquela brincadeira que as meninas fazem de pular elástico - e “escravos de Jó”, confesso que desconhecia a origem de qualquer uma delas, mas quando falei sobre “pular elástico”, ninguém na sala sabia o que era, falei como a brincadeira funcionava e todos gritaram:
- Ah! Professora, isto é ONOUM!
Como vocês podem ver as tradições africanas, por aqui estão bem preservadas, inclusive no nome do jogo, talvez por influência dos muitos quilombos que compõe o município. Nenhuma criança demonstra qualquer sintoma de vítima de preconceito racial, uma maioria negra facilita a coisa – o meu cabelo liso e vermelho talvez seja uma das atrações da sala de aula, todos passam a mão e perguntam se é natural. Digo que não, não é natural! - É “cereja-da-koleston”! – e eles seguem passando a mão e comentando como é diferente.
Falei para eles sobre “escravos de Jó”, a maioria sabia a música, mas nem todos conheciam a brincadeira – cantar e passar um objeto de um para outro e quando alguém erra sai da brincadeira. Resolvi fazer uma releitura das regras do jogo. - ninguém sai da brincadeira quando erra, o objetivo é fazer com que todos aprendam a jogar e termina quando todos acertam.
Sentados no chão da sala de aula, com caixas de fósforos vazias, começamos a jogar. Alguns alunos, por não saberem, ou por timidez não querem participar. Tento fazer com que entrem na brincadeira, explico que todos devem ter a paciência de Jó, que estamos na escola para aprender, ninguém nasce sabendo etc. etc.
Consigo convencer um menino - aquele bem miudinho que acorda as 4 da manhã e caminha, com uma lanterna, durante uma hora pelo meio do mato junto com o irmão, pega um barco e navega por mais uma hora até chegar a escola. Ele é muito tímido, tem uns olhos pretos como jabuticaba, senta na primeira fila e me olha com uma mistura de respeito e desconfiança, dificilmente ouço sua voz - até que finalmente ele se dispõe a jogar.
As crianças, em círculo, sentadas no chão, de pernas cruzadas ou ajoelhadas jogam, brincam, brigam, gritam como crianças que são. O menino tímido fica de cócoras, não desgruda os pés do chão, não reparo nisto, mas os colegas reparam e rindo e debochando falam:
- Ele não senta porque o sapato dele está furado e vai aparecer! – todos riem e dão gargalhadas. O menino, que estava começando a jogar e gostando do jogo, levanta e vai sentar em sua cadeira.

Vou até o menino, falo baixinho para ele voltar a jogar, que pode ficar de cócoras. Ele balança a cabeça fazendo que não. Olho para aqueles olhos de jabuticaba que estão sérios e tristes, engulo o meu choro, estou tentando disfarçar as lágrimas quando outro se pendura no meu pescoço e fala no meu ouvido:
- Professora, deixa a gente sair, já bateu para o recreio e eu to tremendo de fome!

Ôoomôpai!

Quanta lição de casa para eu aprender!




ps.: alguns professores estão há quase um mês sem receber salários e um possível desvio da verba da merenda escolar está sob investigação.

domingo, 9 de outubro de 2011

ando pensando

... em deixar o bigode crescer, comprar um macacão de bombeiro e uma caixa de ferramentas. Quem sabe conquisto algum bonitão...

sábado, 24 de setembro de 2011

Oi!

Desculpem o sumiço – olha só quanta importância estou me dando, quem será que quer explicações sobre o meu sumiço? Bem, mesmo assim vou explicar:



Estou fazendo faculdade de Pedagogia. Tirei o primeiro lugar no vestibular! – tá bem, tá bem, a faculdade não é nenhuma federal, estadual ou coisa assim do gênero, concorridíssima. É uma faculdade, aqui na Marambaia mesmo, destas que a gente tem aula um fim de semana por mês, mas não interessa, eram mais de 50 candidatos e a véia aqui, pela primeira vez na vida, aos 57 anos, tirou o primeiro lugar em alguma coisa – o mais próximo desta classificação se deu antes do meu primeiro ano de idade, quando minha mãe me inscreveu num “Concurso de Robustez Infantil” e logrei um mísero 3º lugar - quando me olho no espelho sinto dó de quem tirou o 1º, penso com quantos quilos estará a criatura?



Tenho estudado uma porção de coisas de psicologia – talvez pudesse ser dispensada desta cadeira se apresentasse uma declaração de cada psiquiatra, psicólogo, terapeuta etc. etc. que freqüentei. Foram anos de buscas...



Além da faculdade me ocupo com a preparação das aulas. Mas o que eu gosto mesmo é de conviver com os alunos. Tenho aprendido muito com eles.



É fantástico ver o comportamento do ser humano, isoladamente ou em grupo. Pequenos ainda, se pode constatar, através de suas atitudes, suas necessidades, carências, angustias. E, como alguns são generosos, independente do quanto à vida lhes é difícil – acredito que nem saibam que suas vidas sejam difíceis – tenho um aluninho de 11 anos que acorda às 4 horas da manhã. Ele, com um irmão de 13 anos e uma tia de 15, caminham por uma hora, no meio do mato. Usam um lampião para iluminar o caminho, pois ainda está escuro. Pegam um barco e viajam, por mais uma hora, descendo o rio até chegar na escola. Quase todas as meninas de 11 anos cozinham, cuidam de irmão pequeno, arrumam a casa. E, pasmem, são crianças felizes, prestativas, de bem com a vida. Ficam felizes, um “caramelo” – como chamam aqui, eu chamo de bala mesmo. Mas, o que mais gostam é de uma boa conversa. Gostam de contar o que cozinham, como cuidam dos irmãos. Sabem fazer flores, pássaros, peixes com palha de coco, esculturas de madeira, reciclagem. Gostam de pescar, jogar bola, empinar pipa.



Tenho feito muitas descobertas, algumas muito bonitas, outras nem tanto.



Bem, estas descobertas tem tomado bastante tempo e energia, razão do sumiço.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Compras na Cidade Grande

Sábado acordamos, eu e marido, às cinco da manhã, pegamos o ônibus das sete. Um bom ônibus, uma boa estrada, uma paisagem das mais lindas e um milhão de paradas. Após 3 horas, para percorrer 100 km, chegamos ao destino – A Cidade Grande!
O marido achou melhor descer em numa parada antes da rodoviária, para passearmos um pouco pelo comércio extra-xópin. Achei que não tinha sentido, mas concordei, estava feliz e muito zen. O ônibus parou em frente a uma floricultura e quase que caio sobre inúmeras mudas de gerânios pendentes! Estou louca por eles há quase um ano! Felicidade! Mais uma vez confirmei que devo confiar no meu Anjo da Guarda. Nenhum de nós dois imaginava a existência de uma floricultura naquele local, muito menos que encontraríamos os benditos gerânios! Comprei, deixei-os guardados para buscar na volta.
Rumamos para o templo de consumo. O xópin estava cheio – véspera de dia dos pais. Adentrei na melhor loja de grife que freqüento nos últimos tempos – marisa. Fiz a feira! Calçolas, sutiãs, calças de malha molinha, por 15 contos, um vestidinho lindo de algodão – é bem difícil encontrar umas roupinhas transadinhas, o manequim UBGUma Barbaridade de Grande – dificulta a parada.
Enquanto comprava roupas, o marido comprava “coisas de computador” .
Fomos para a segunda etapa de compras – tranqueiras em geral. Entramos em uma loja e enchemos um carrinho com potes-com-tampas-que-realmente-fecham. O marido resolveu que precisava muito de um frigideira para fritar um só ovo – o da galinha gente! - coisa de primeiríssima necessidade, segundo ele, e o bendito saca-rolhas-decente. Carrinho cheio, fomos para o caixa. Deus é mais! Uma fila do tamanho de um bonde, que não andava. Me deu os 5 minutos, largamos o carrinho e saímos da loja – ambos desesperados por um cigarro. Fomos lá fora fumar para ver se nos acalmávamos um pouco para enfrentar a próxima fila. (aproveitei e tomei um remédio para a dor nas costas!)
Resumindo, o saca-rolhas, colocamos em três carrinhos e levamos um – por duas vezes abandonamos carrinhos – convenci o marido a abortar a idéia da frigideira, prometi que compraria de algum mascate por aqui. Encerramos a temporada de compras apesar de estar faltando metade da lista. A livraria estava fechada para reforma, o que me deixou muito frustrada, queria muito comprar o livro indicado pela Nina, “Um mundo novo”, de Eckhart Toole. Também não encontrei as “finas ervas” – e olha que eu estava na Cidade Grande!
Comi bombom recheado com cerejas ao rum, comprei licor de chocolate - teremos visitas em breve - pegamos um táxi, apanhamos os gerânios e embarcamos para a Marambaia.
Com uma montoeira de sacolas, plantinhas no meio dos pés, enfrentamos três horas de viagem de volta, das quais, duas foram ouvindo um som altíssimo de um ser mal educado, que ouvia “arrocha” – uma espécie de música que os nativos adoram e, sem dúvida, é a pior e de mais mau gosto do mundo!
Chegamos em casa cansados mas felizes. Largamos as compras e fomos comer pizza. Um lugarzinho lindo, ao som das ondas e dos coqueiros, admirando barquinhos que, atracados na pequena baia, dançavam ao suave movimento da maré. Uma lua cheia enooorrme arrematava o espetáculo.
Deu para entender porque é tão difícil sair da Marambaia?

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A viagem

Estou bem animadinha, amanhã irei à cidade grande, tem até xópin.Faz mais de meio ano que não saio da Marambaia. Tenho uma lista de coisinhas para comprar. Desde calçolas, sutiã, até temperos (finas ervas) mouse, livros – Ah! Estava esquecendo - sementes de gerânio pendentes.
Meu Deus! Quantas compras!
Espero, sinceramente, que consiga comprar pelo menos metade da lista, pois normalmente, após uma viagem de três horas em um ônibus pinga-pinga, onde os passageiros se tornam personagem de um filme - às vezes comédia, outras terror, chego exausta ao destino e mal tenho vontade de merendar. As vitrines se transformam numa overdose de ofertas de coisas que não preciso. Mas desta vez estou indo bem entusiasmada, com vontade de ver novidades, comprar livros, filmes.
Bem, na volta conto como foi a aventura.
Até!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Estou muito puuuuta da vida!
Não consigo publicar comentário nos blogs dos amigos. Escrevo longas conversas e na hora de publicar surge uma mensagem em inglês – que não sei – que acho que diz mais ou menos isto: você não pode publicar comentários. No blog da Nina, que eu amo de paixão, no da Jane que está triste por que perdeu um peixinho. Consegui no da Sandrinha, mas de resto é triste.
Acho que vou decretar pena de morte da Dinorahcomaganofim e inventar outro. Fico muito brocha em não poder meter meu bedelho nos blogs alheios, afinal o que é a vida sem tecer comentários?
Ah! Verônica Vidal, como somos parecidas.
Beijos ao Bicho Blog, ao Irmão das Estrelas, a Aninha, a Aniz, Malu, L@, Paola.
Amo muito todos vocês e não pensem que esqueci de cada um.
Com calma vou dar um jeito no destino da Dinorah
Beijos
Dinorah

terça-feira, 12 de julho de 2011

Calcinado.


-... Frans Krajcberg elabora suas esculturas em troncos de árvores calcinados - saberiam o que é calcinado? Na dúvida, resolvi perguntar - Vocês sabem o que significa calcinado?


- Eu sei professora! Calcinado é aquilo que dá no calcanhá quando o calçado ! machuca

sábado, 2 de julho de 2011

Milésima tentativa! Conseguirei?

Uma conexão mais morta do que VIVO.





Um blogger que pede minha senha quinhentas vezes e não publica meus comentários nos blogs alheios e também me impede de publicar novas postagens - será que desta vez terei sucesso?





A criatura nervosa (eu) que senta em frente ao computador, é totalmente analfabyte - como diz o maravilhoso Antônio Fagundes.





Assim que puder volto a comentar.





Beijos a todos, continuo lendo os post, porém sem poder lançar meus pitacos.





Dinorah

segunda-feira, 20 de junho de 2011

HELGA E O SÃO JOÃO.

Enfim, havia conseguido acalmar a turba. Os alunos enfeitavam a sala de aula para São João. Recortavam bandeirolas e estavam relativamente sob controle. Ufa!

- Hu! Huuuuu! Dinoraaah?

Na janela, uma caipira de cara redonda com as bochechas pintadas de rouge e pintinhas pretas, enfiava a cabeça para dentro da sala. Chapéu de palha, trancinhas com laços de fita vermelha completavam o visual. Não acreditei que a criatura pudesse fazer uma brincadeira dessas comigo!

- Helga, o que é que você quer? Não vê que estou em aula?

- Então esta bagunça é aula é? - a gorducha deu uma gargalhada exibindo um dente pintado de preto. Quis morrer, mas era tarde demais, os alunos já haviam passado sobre as bandeirolas e estavam grudados na janela rindo da caipira.

- Silêncio! Voltem para os seus lugares! Helga, por favor, vá embora! - implorava, mas ninguém me ouvia.

- Posso ajudar fazendo balões! Aqui na sacola tenho um pacote de paçocas! - a exibida nem terminou de falar e o coro começou:

- Ah! Professora! Deixa ela entrar! Deixa ela entrar!

É hoje que perco o emprego! O que é que esta louca tinha que vir aqui? Não conseguia mais controlar os alunos. De repente Helga já estava na porta da sala de aula. Consegui me espantar mais um pouco. O ser humano usava um vestido de chita vermelho com imensas flores amarelas, meias listradas. Os alunos com as mãos cheias de paçoquinhas rodeavam a gorducha. Tive vontade de chorar, de bater, de lhe arrancar o dentão preto a tapa.

- Então meninada, vamos fazer balões! - o estrupício esparramou-se no chão com toda a criançada a sua volta. Parecia uma montanha florida cercada de gnomos. Ela dobrava o papel para cá e para lá, ensinado-os a fazer balões. Quando ficavam prontos, assopravam e os balões ficavam gordinhos. As crianças exultavam quando o balão enchia. Ficavam orgulhosos mostrando a sua obra de arte.

- Dona Helga! Olhe o meu!
- E o meu! - todos pulavam ao redor da metida que distribuía paçoquinhas a rodo.

O sinal tocou e ninguém se mexeu. Jogada em um canto como se não existisse, resolvi tomar uma atitude.

- Pessoal já deu o sinal, a aula terminou. Vamos embora!

- A senhora pode ir! Nós vamos ficar aqui com a Dona Helga! - dirigindo-se para a criatura, o aluno ingrato implorou - A senhora fica mais um pouco com a gente não é Dona Helga? - a gorducha, feliz da vida, com a boca cheia de paçoquinha deu um sorriso exibindo o dentão preto e se fazendo de sonsa falou:

- Se a professora Dinorah não se importar...

Era só o que me faltava! Perder meu emprego para esta caipira maluca.
- Podem ficar com a DONA HELGA seus ingratos! - enquanto arrumava minhas tranqueiras ouvi a enxerida dizer que iriam dançar. Não dei a mínima pelota, na saída lancei um olhar fulminante para a gorducha que saltitava numa quadrilha. Ignorando totalmente a minha ira, devolveu-me um sorrisinho debochado gritando:

-
Olha a cobra!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O AMULETO

Tarefa de casa:

Cada aluno deverá trazer, por escrito, uma simpatia, um ritual supersticioso, que as pessoas fazem no dia de Santo Antônio ou São João.

Todos trouxeram e leram suas simpatias. Em uma delas o aluno leu a palavra amuleto.


- Joãozinho - pergunta a professora - você sabe o que é amuleto?

- Sei sim! É aquilo que os véio usa quano tá mancano!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O presente de Helga

Estava fazendo compras no mercado e eis que me deparo com quem? A criatura mais sorridente, alegre e saltitante da face da terra. Ela, a gorducha Helga!
- Dinorah querida! Como é que você está? - ela não consegue esperar que eu faça qualquer gesto, muito menos abra a boca, fica fazendo um sinal com o queixo, apontando para debaixo de seu próprio braço. Não consigo entender o que quer dizer, apenas reparo que tem uma coisa preta debaixo do sovaco, será uma bíblia?
- O que é isto? Uma bíblia?
- Ai Dinorah! - a criatura bufa e olhando-me com um certo desprezo exclama - você não está vendo o que tenho debaixo do braço? Impossível! Você não conhece um Netbook?
- Um o quê? Eu conheço computador sim! Mas não tão pequeno assim!
- É Dinorah! É um mini, um computador bem pequeno. - Nesta altura ela já havia tirado o computador debaixo do braço e colocado sobre uma gondola de batatas - e sabe do que mais? Aqui no mercado tem um negócio que posso usar a internet de graça - enquanto fala vai apertando botões até que aparece um jogo de palavras cruzadas. Escorada junto as batatas pergunta: Vereador com quatro letras? Pinha com três letras?
- Helga, que coisa mais chata! Onde já se viu fazer palavras cruzadas em cima de batatas! No super mercado! Você está tão exibidinha com este computardorzinho.
Irritada ela desliga o computador colocando-o debaixo do braço e começa um discurso.
- Nunca pensei que você fosse tão invejozinha! Este computador me custou uma bronca enorme com o Adolfo. Lembra do meu ausente de aniversário? Pois o insensível resolveu se redimir e comprou esta coisinha maravilhosa só para eu fazer palavras cruzadas.
- Helga, o que foi que você fez para o Adolfo lhe dar um computador? Prometeu alguma greve? De sexo por exemplo?
- Nada disto! - responde a gorducha saltitante - Muito pelo contrário, falei que se ele não me desse um presente ele teria que fazer sexo várias vezes por dia! - A gorducha dá uma gargalhada que ressoa por todo o mercado e prossegue - Em meia hora ele saiu e voltou com esta dádiva! - Fala isto e sai rebolando aquele bundão, com o bendito computadorzinho debaixo do sovaco. Lá do meio do mercado grita:
- Cá para nós, não fizemos uma boa troca?

terça-feira, 7 de junho de 2011

O AUSENTE DE HELGA

- Por que este beiço tão grande Helga? Cuidado! Se você pisar nele pode cair! - a criatura estava insuportávelmente mal humorada. Não falava, grunhia.
- Dinorah você me desculpe por vir até aqui lhe encher o saco por causa das minhas brigas com o Adolfo, mas se eu não desembuchar vou ter um treco! - A gorducha bufava, estava com as bochechas vermelhas e os olhos flamejavam de ira. Na tentativa de acalmá-la prometi fazer um café, ela não deu a mínima pelota, mudei o cardápio, ofereci uma coca zero. - Coca zero com o quê para comer?
- Tem um pudim de leite condensado...
- Pode ser... Tem bastante pudim ou só um restinho?
- Tem bastante.
- Ah! Está bom - gorda desaforada, ainda exige que seja bastante! - Dinorah você não imagina o que aconteceu. Você sabe que estive de aniversário, lembra? Você até me deu um colar muito bonito, mas você não imagina do que o Adolfo foi capaz de fazer comigo.
- O que foi que aconteceu minha amiga? - pronto, bastou um carinho para que a gorducha desandasse numa choradeira, soluçava alto, um choro sentido, fiquei com peninha da criatura. - o que foi que o Adolfo lhe fez? - a coitadinha tentando controlar o soluço contou.
- No dia do meu aniversário, já amanheci esperando o presente do Adolfo. Ele me deu os parabéns, beijos e abraços, mas eu queria um presente. Tomamos café da manhã e nada. Ao meio dia, nada. No final da tarde fui esperá-lo no portão e lá do meio da quadra vi que ele estava chegando com um buquê de flores, vi que estavam enroladas em um papel verde. Para não estragar a surpresa, corri para dentro de casa e fiz de conta que não havia visto nada. Fiquei bem quietinha, até ele entrar e colocar o "buquê" em cima da mesa. Todo alegrinho falou - Amor, passei no mercado e trouxe tomate, cebola e pepino! - tudo dentro de uma sacola verde.
- E você amiga?
- Ah! Eu fiquei muito mal. Me deu uma vontade de chorar mas a vontade de voar no pescoço do Adolfo e esguelar o ser humano, se é que aquilo é um ser humano- era muito maior. Perdi a classe e fiz um discurso sobre a insensibilidade, a grossura, a cavalice que habita aquele coração. - A gorducha desandou novamente no choro. Aos prantos, afastou o pratinho de sobremesa, puxou para perto de si o prato com o pudim inteiro e em poucos segundo nocauteou o infeliz doce.
Acabada a operação liquida pudim, a gorducha resolveu ir embora. Ainda estava com o nariz vermelho e os olhos inchados, mas antes rogou praga:
- "Deixa estar jacaré! Tua lagoa há de secar!" - Não me chamo Helga se o Adolfo não me pagar por toda esta humilhação! - bateu o portão e saiu fungando.
Pobre Adolfo! O que será que este estrupíco furioso vai aprontar? Sem saber já estou com dó.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Helga e suas pequenas maldades.

- Hu Hu! Dinoraaaah!!!
Adivinha se não é a gorducha?
- Helga que bom que você apareceu! Aceita um café com biscoitos. Hoje não tenho bolo para lhe oferecer, ando tão ocupada com os assuntos de escola... – não sei como consegui completar a frase, acho que foi só por que se tratava de comida que ela me concedeu uma brecha.
- Ora, ora, Dinorah! Como não aceitar uns biscoitinhos não é mesmo? - Vagarosamente a gorducha vai examinando toda a casa até chegar à cozinha onde preparo o café. Por alguns instantes permanece calada até que desembucha – Nossa Dinorah! Você está de mudança? O que são estas sacolas, caixas e pacotes esparramados por toda a casa?
- Nem me fale Helga! Ando tão ocupada com as atividades escolares que mal tenho tempo de me coçar, chego em casa e vou atirando tudo por aí mesmo. – Ela lança um olhar de reprovação, para não me deixar mal engole uma crítica, apenas sussurra – É... Você já foi mais organizada... – Enquanto a água ferve, sinto que ela me examina de cabo a rabo, mais precisamente o rabo e lança o veneno:
- Dinorah, é impressão minha ou você está mais cheiinha? O rostinho mais redondo? Você está corada, brilhosa! - Esta gorducha não dá trégua, tento encolher a barriga, mas é tarde demais – Aliás, desde que você começou com estas tais aulas você uma deu uma “arredondada” heim?
- Pois é Helga, nos dias em que a merenda é mingau de milho, manguzá, aproveito e como uma provinha... Confesso que adoro a merenda da escola. É uma delícia! O porteiro que é meu amigo sempre me avisa quando tem o que gosto...
- Dinorah, Dinorah! É bom você tomar cuidado! – Adverte a gorducha com um ar solene - os caras estão investigando o desvio de merenda. Se alguém tiver a idéia de lhe pesar antes e depois do recreio você está frita! Vão descobrir para onde está sendo desviada toda a merenda escolar.
- Helga, você acha que estou tão gorda assim?
- Ai, Ai! Não acho nada! Sugiro apenas que você não passe em frente à Polícia Federal.
Droga! Agora além de fugir da balança vou ter que correr da polícia?

domingo, 29 de maio de 2011

Sou linda!

Aluna de 10 anos coloca um bilhetinho dentro do meu caderno. Que Portinari que nada! Sou muito mais a Miriã! Não estou linda?

sábado, 28 de maio de 2011

Os dentes de Helga.

- Dinorah sua Vaca Velha! Você anda sumida, vira e mexe passo por aqui e dou com o nariz na porta. – A gorducha me xinga aos berros lá do portão, saio correndo para evitar o escândalo, mas ela continua falando alto, diz que tem um monte de novidades.

- Entre Helga! Também estou com saudade. Vontade de saber das novidades. - Ela entra e se joga no sofá, respira fundo, faz uma careta, espreme os olhinhos e mostra os dentes, como se fosse uma cachorra velha, mais precisamente uma buldogona.

-Não estão lindos? – Fala entre dentes. - Resolvi que iria parar de adiar a visita ao dentista.

- Que bom! Eu também estou precisando...

- Dinorah você sempre me interrompe! Fui eu quem começou a contar a história, deixe-me continuar. – Respiro fundo, calo a boca e deixo que fale. - Estou indo naquele dentista bonitão sabe? Falei para ele que queria ficar com os dentes bem branquinhos e aqueles dois da frente bem grandões, como coelho, iguais aos da Xuxa.- Engulo o riso e penso: ela já vai ficar igualzinha a Xuxa! – Dinorah, acho que a Xuxa coloca silicone até nos dentes, cada ano estão maiores. – Tento dar um palpite, mas ela não para nem para respirar. – Você não imagina a fortuna que custou o tratamento. Quase caí da cadeira quando o dentista bonitão falou o preço. Ele justificou que seria caro assim por conta de uma anestesia geral. Resolvi negociar, falei que queria fazer o tratamento, se era possível dividir o pagamento em muitas parcelas. Sabe o que ele me disse? -e imitando a voz grossa do dentista, a gorducha exclamou: Dona Helga, a senhora está sugerindo um parcelamento do tipo “Minha Casa Minha Vida”?

-Isto mesmo doutor! A gente só muda o nome do plano para “Minha boca, Minha vida” e deixa o número de parcelas mais ou menos parecido com os financiamentos da Caixa Econômica. Eu quero ficar com os dentes bem branquinhos, mais aqueles dois grandões da Xuxa.

- Helga seus dentes estão clarinhos, mas não estão grandes...

- Poxa vida!- reclama a dos dentes brancos – é que você não me deixa falar! Eu tentei! Coloquei umas emendas para aumentar os dentes, mas deu problema. Como já tenho um pouquinho mais de idade, para os dentes aparecerem tinham que ser bem compridos, os beiços caem, como tudo depois de velha. Daí que eu dormia de boca aberta, roncava mais que o Adolfo que me disse que se eu não desse um jeito no ronco ele iria se separar. A solução foi voltar ao tamanho normal, só assim posso dormir de boca fechada.

Sinto uma vontade imensa de soltar uma gargalhada. Imagino o estrupício dormindo de boca aberta, com dois imensos dentes brancos saindo boca fora. Controlo o riso para não perder a amiga e digo que os dentes estão muito bonitos, bem branquinhos.

- É o resultado do clareamento com lazer. – declara a exibida.

- Helga, não é LAZER é LASER – corrijo.

- É nada Dinorah! Com aquele dentista bonitão, é com LAZER mesmo! – declara a gorducha que dá uma de suas estrondosas gargalhadas.

Pobre do dentista! Só mesmo com anestesia geral para fazer o estrupício parar de falar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Oi!

Sumidíssima!


Mortinha de saudades da vizinhança de blog. Louca para saber das novidades, sem tempo nem de fazer uma visitinha de médico, mas acho que esta semana consigo entrar nos eixos. Como vocês sabem, estou às voltas com as aulas de Artes e acabo por me envolver de tal forma que minha casa se transformou no local de ensaio de peça teatral, café da manhã com alunos que vem cedinho me visitar, outros vem à tarde. Acabo por “perder meu tempo” com pequenos adolescentes rodeados de tantos problemas que não acho justo não lhes dar um pouco de atenção. Aluno gay, aluno que não conhece o pai, família envolvida com drogas, menino criado por parentes, por não ter mais nem pai nem mãe – minha mãe fugiu e meu pai morreu. Enfim tanta coisa que na idade deles eu não sabia que existia, acabo por recebê-los e descuidando do que gosto tanto de fazer – mas existe coisa melhor do que ouvir crianças? Saber de seus sonhos, o que fazem, como vivem?


- Meu pai é pescador.


- Eu vendo queijo na praia.


- Eu faço “carrego” na feira. (carrega as compras em um carrinho de mão até a residência das pessoas).


- Eu venho todo dia de barco. Viajo uma hora para chegar à escola.


Daí que nas aulas eu brigo com eles, xingo porque não estão prestando atenção, que conversam o tempo inteiro, mas sou apaixonada por cada um – quanto mais medonho mais eu gosto.


Outro dia, uma segunda feira, 7:30 da manhã, ouvi Seu Zé, dizer que já estava abrindo o portão. Imediatamente a escola silenciosa até então foi invadida por uma algazarra, gritos, empurrões. Para espanto do meu marido, que é professor há muitas décadas, declarei que sempre que ouvia aquela algazarra derrubar o silêncio sentia como se o meu sangue corresse mais forte nas veias, que adorava aquela sensação. - o que não impede que saia meio zonza da aula.


- Você é louca! – declarou o velho professor.


- Certa eu sei que nunca fui! – peguei meus cadernos, e fui enfrentar as feras que no fundo são muito belas.


Sabe aquele ditado que diz: “Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece?” – No meu caso são mais ou menos 280 Mestres!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Pérolas!

Passada a semana de provas, começam as correções:

Educação Ambiental.
P. Qual a sigla do órgão que fiscaliza a fauna e a flora nativa?
R. OBAMA.


História
P. Fale sobre a queda da Bastilha.
R. A Bastilha caiu quando caíram os Jardins da Babilhonia.

Inglês
P. Cite três países onde se fala a língua inglesa.
R. Espanha, França e Itália.


Ah! estava esquecendo a conjugação do verbo VIR.
Se eu vinhé, se tu vinhé, se ele vinhé....

Ai Ai! Cambada de professores incompetentes!

sábado, 14 de maio de 2011

Helga e a visita de Comadre Blonde.

Fui visitar a Helga. A casa estava toda aberta. Gargalhadas vinham da cozinha onde uma loira, alta, magra, muito bronzeada, com um vestido amarelo bandeira, falava alto e gesticulava. As duas riam muito e nem notaram a minha chegada. Sobre a mesa, caixas, caixinhas, vidros, vidrinhos, potinhos de todas as cores. Helga examinava com atenção e perguntava sobre os remédios. Estava encantada com um que parecia um disco voador roxo e lilás.
- Comadre que coisa mais linda este roxinho! E este prateado!
A Comadre se exibia com uma imensidão de remédios, explicando suas indicações. A gorducha examinava cada um como se fosse uma relíquia, senti certo olhar de inveja. Foi quando ela levantou, foi até o armário e lá de cima retirou uma enorme caixa plástica cor de laranja.
- Os meus estão aqui! – falou isto e exibiu com orgulho uma montoeira de remédios. Imediatamente a comadre parou de rir e reclamou:
- Ah! Assim não vale! Você tem mais remédios por que está em casa, eu estou viajando, por isto só trouxe os “básicos”!
Foi quando elas me viram. Helga saltou da cadeira correndo ao meu encontro.
- Dinorah, você não imagina que surpresa maravilhosa! Esta é a Comadre Blonde, ela e o marido vieram me visitar! – virando-se para a comadre, fez as apresentações – Comadre esta é minha amiga Dinorah! Ela é uma pessoa muito legal, pena que é um pouco deprimida – a comadre não deixou a Helga continuar. Abraçou-me, falou um muito prazer apressado, deu dois beijinhos e emendou:
- Dinorah, o que é que você toma para depressão? – não deu tempo para resposta, ela pegou uma caixinha com um nome estranho – eu tomo este aqui, é muito bom, dá um pouco de arritmia, mas então, para passar a “tremura” tomo este outro, que me dá um pouco de sono, para não ter tanto sono, tomo este outro... – e assim a Comadre Blonde enfiava um remédio atrás do outro, aquilo parecia um trem sem fim. Notei que os olhinhos da Helga brilhavam a cada novo remédio, todos coloridos como se fossem jujubas.
- Comadre, – interrompeu a gorducha – este negócio de remédio já está ficando chato! – estaria a Helga com ciúmes? A comadre estava com um estoque onde só havia lançamentos e a concorrência estava ficando desleal, para deixá-la mais enciumada comentei:
- Helga, quanta novidade! Você com seu estoque de Cafiaspirina, Maravilha Curativa, Olina, Bromil, emplastro poroso Sabiá, está um pouco ultrapassa. – a Comadre deu uma gargalhada que pôs as da Helga no chinelo, até os vizinhos do outro quarteirão devem ter ouvido.
Mudaram o rumo da conversa. Começaram a trocar elogios.
- Helga como você era chique! Lembro de você desfilando na Sete. Você usava saltos imensos, cabelos escovados cheios de brilho e movimento, uns óculos de sol maravilhosos! – a gorducha ouvia aquilo e fazia um biquinho com a boca, revirava os olhinhos e dizia:
- Ora comadre, não era tanto assim... – fazia-se de rogada, como se não estivesse gostando, mas estava estufada de tão faceira. – Você é que era chique. Sempre cheia de jóias, relógios, pulseiras. Nossa comadre! Como você era dourada e brilhante! – agora era a vez da comadre dizer que a chique não era ela. Assim elas seguiam se elogiando. Quando uma parava de elogiar a outra cada qual se auto elogiava
Enquanto as duas se perdiam em elogios, saí de fininho, nenhuma notou e se notou, não chamou. Naquela hora, existiam só as duas no mundo, cercadas das lembranças que desentocavam da memória.
- Lembra do aniversário de 50 anos do Conde? Como você estava chique Helga!
- Eu não Comadre, você é que estava elegante e bronzeada, como sempre. Aliás, o colar que você estava usando era um arraso!
As duas carinhosamente recordavam um tempo que não se sabe que fim levou. Vez que outra indagavam se tudo aquilo realmente aconteceu? Teriam existido aquelas lembranças todas? Bem poderiam ser um sonho. Aquela conversa mais parecia um delírio causado por uma overdose de gargalhadas. Ou, o sonho seria aquele encontro?
Ai meu Deus! Onde estará o remédio para acordar?


(ps.: obrigada pela visita Comadre! Foi muito emocionante.)

domingo, 8 de maio de 2011

Obrigada!

Hoje senti saudades de um beijo de boa noite que cheirava a uma mistura de pasta de dente Colgate com cigarro Finesse.


O beijo de boa noite de minha mãe.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Orgasmo múltiplo de professora

Não gosto de filmes de guerra, escravos, prisão, tortura, holocausto, idade média e seus cavaleiros em luta. Enfim, não gosto de ver sofrimento, nem em filme, mas esta semana está sendo a minha redenção. Somente hoje, na Semana de Provas é que descobri que tenho um lado sádico.
Sabe aquela aluna que azucrinou aulas inteiras, debochando, brincando, gritando, pintando os canecos enquanto tudo que pedia era que prestasse atenção, que colaborasse na confecção das “Regrinhas de Convivência”? Pois chegou o dia de comê-la fria – a vingança! Visto meu uniforme invisível de Capitão Nascimento* e determino:
- Todos sentados em fila! - Nas cadeiras da frente coloco os mais medonhos. Misturo os grupinhos. Estabeleço a distância regulamentar. Peço silêncio. Alguns poucos ainda teimam em papagaiar, dou mais uma chamada firme:
– Silêncio! Vou distribuir as provas. – Inacreditável! Estou ouvindo minha própria voz! Pensei que jamais fosse viver este momento!
Vejo que alguns do bando da baderna estão preocupados. Viram a prova de um lado para outro, como se fritassem um hamburger. Coçam a cabeça, olham para o teto – estaria a resposta pendurada em alguma fluorescente? Bem baixinho, tão educado quanto um lord inglês, o chefe do bando me chama:
- Professora esta palavra está certa? Eu só conheço com esse – leio a palavra –

Dignifica.
- A palavra está certa!
- O que é isto?
- Não sei! Esqueci!
Em seguida é a vez da Princesa Dissimulada.
– Professora o que é benéfico?
- Não sei! Esqueci!
Não sento nem por um minuto. Caminho em meio às cadeiras. Paro bem devagarzinho nas costas de algum colador que, ao se virar para pedir cola ao colega, dá de cara comigo. Seguro a baba. Sinto um prazer que nem um orgasmo múltiplo me daria. Sou a danação em pele de gente. Estou realizada!Descobri meu lado sádico!


Pena que dure só uma semana. Na outra, serão duzentos e cinquenta e dois sádicos contra uma masoquista, por um bimestre inteiro, até a próxima “Semana de Provas”.
*confesso que não assisti ao filme, mas nas chamadas dava para ver que ele era durão.

domingo, 1 de maio de 2011

Leidiqueiti



Quando de sua última visita, Hilda trouxe um “gaínho” de roseira. Plantei, reguei, dei amor e carinho. Na última sexta feira desabrochou a primeira rosinha. Em virtude da data tão especial, batizei-a de “Leidiqueiti”.



Como a natureza é inteligente! Aquele mísero galhinho, fininho, com uns 10 cm de comprimento, está se transformando em uma roseira e já deu sua primeira flor que ofereço à uma pessoa que admiro muito, há muito tempo, como profissional, mulher e, sobretudo pela força, coragem e generosidade com que enfrenta e partilha a vida. É para a Andrea, autora do mais divertido e inteligente blog que conheço - o Banheiro Feminino - http://banheirofeminino.com.br/ - e do cativante A Viúva Verde - http://aviuvaverde.wordpress.com/.
Obrigada Andrea.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Receita de Dona Cacilda

Recebi um email, daqueles que detesto "Fw Fw Fw Fw". Já estava deletando quando reparei que o remetente é uma pessoa que mal conheço, resolvi ver do que se tratava. Achei tão bonita a mensagem - talvez a humanidade inteira já a conheça, de qualquer forma resolvi compartilhá-la. Saliento que desconheço o autor, se alguém souber, por favor informe para que possa dar o crédito.
Um beijo a todos.
Dinorah

"Receita de Dona Cacilda



Dona Cacilda é uma senhora de 92 anos, miúda, e tão elegante, que todo dia às 08 da manhã ela já está toda vestida, bem penteada e discretamente maquiada, apesar de sua pouca visão, e hoje ela se mudou para uma casa de repouso. O marido, com quem ela viveu70 anos, morreu recentemente, e não havia outra solução.
Depois de esperar pacientemente por duas horas na sala de visitas, ela ainda deu um lindo sorriso quando a atendente veio dizer que seu quarto estava pronto.
Enquanto ela manobrava o andador em direção ao elevador, dei uma descrição do seu minúsculo quartinho, inclusive das cortinas floridas que enfeitavam a janela. Ela me interrompeu com o entusiasmo de uma garotinha que acabou de ganhar um filhote de cachorrinho
- Ah, eu adoro essas cortinas...
- Dona Cacilda, a senhora ainda nem viu seu quarto... Espere um pouco...






- Isto não tem nada a ver, ela respondeu, felicidade é algo que você decide por princípio. Se eu vou gostar ou não do meu quarto, não depende de como a mobília vai estar arrumada... Vai depender de como eu preparo minha expectativa. E eu já decidi que vou adorar. É uma decisão que tomo todo dia quando acordo. Sabe, eu posso passar o dia inteiro na cama, contando as dificuldades que tenho em certas partes do meu corpo que não funcionam bem...Ou posso levantar da cama agradecendo pelas outras partes que ainda me obedecem.
- Simples assim?
- Nem tanto; isto é para quem tem autocontrole e exigiu de mim um certo 'treino' pelos anos a fora, mas é bom saber que ainda posso dirigir meus pensamentos e escolher, em conseqüência, os sentimentos.
Calmamente ela continuou:
- Cada dia é um presente, e enquanto meus olhos se abrirem, vou focalizar o novo dia, mas também as lembranças alegres que eu guardei para esta época da vida. A velhice é como uma conta bancária: você só retira aquilo que guardou. Então, meu conselho para você é depositar um monte de alegrias e felicidades na sua Conta de Lembranças. E, aliás, obrigada por este seu depósito no meu Banco de lembranças. Como você vê, eu ainda continuo depositando e acredito que, por mais complexa que seja a vida, sábio é quem a simplifica...
Depois me pediu para anotar: como manter-se jovem:
1. Deixe fora os números que não são essenciais. Isto inclui a idade, o peso, a altura. Deixe que os médicos se preocupem com isso.
2. Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo. (lembre-se disto se for um desses depressivos!)
3. Aprenda sempre: Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso. 'Uma mente preguiçosa é oficina do Alemão. 'E o nome do Alemão é Alzheimer!
4. Aprecie mais as pequenas coisas
5. Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto. Ria até lhe faltar o ar. E se tiver um amigo que o faça rir, passe muito e muito tempo com ele / ela!
6. Quando as lágrimas aparecerem Aguente, sofra e ultrapasse. A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida, é DEUS e depois nós próprios. VIVA enquanto estiver vivo.
7. Rodeie-se das coisas que ama: Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja. O seu lar é o seu refugio.
8. Tome cuidado com a sua saúde: Se é boa, mantenha-a. Se é instável, melhore-a. Se não consegue melhorá-la, procure ajuda.
9. Não faça viagens de culpa. Faça uma viagem ao centro comercial, até a um país diferente, mas NÃO para onde haja culpa
10. Diga às pessoas que as ama a cada oportunidade. E, se não mandar isto a pelo menos quatro pessoas - quem é que se importa? Serão apenas menos quatro pessoas que deixarão de sorrir ao ver uma mensagem sua. Mas se puder pelo menos partilhe com alguém!"

sábado, 23 de abril de 2011

Páscoa com torta alemã.

Com muita dificuldade, levanto do sofá e vou capengando atender ao telefone.
- Alô?
- Dinoraaah! Por que você demorou tanto para atender ao telefone? Estava dormindo?
- Não, é que ontem estava cuidando do jardim e caí. Escorreguei no pátio e estou toda escalavrada e renga. O Alberico tentou me levantar, mas você sabe, ele também já não está muito em forma e não conseguia... – ela não me deixa concluir.
- Meu Deus! Você está jogada no jardim desde ontem???!!! Estou indo aí para lhe juntar!
A criatura é doida mesmo. Se estive caída no jardim como é estaria atendendo ao telefone? Não demorou muito e o estrupício surgiu, pensei estar tendo uma alucinação. A criatura estava com umas imensas orelhas de coelho na cabeça e uns bigodes enormes desenhados na cara.
- Feliz Páscoa Dinorah! Trouxe uma garrafa de vinho e um ovo de páscoa que o coelho deixou para você. Como é que você está? Já está no sofá é? – Olha para minhas pernas, uma toda cheia de mercúrio e a outra, esticada sobre almofadas, quer saber o que houve.
- Pois é Helga, foi como lhe contei, escorreguei, uma perna foi para um lado e a outra para o outro. Aliás, não lembro quando foi a última vez que consegui abrir as pernas tanto assim. Gargalhamos juntas. Digo que estou toda torta e dolorida. A gorducha, que é muito carinhosa, demonstra preocupação, quer ajudar, falo que está tudo bem. Ela diz que vai buscar um copo d’água e some. Volta com a garrafa de vinho aberta e dois copos.
- Velha Dinorah! Vamos comemorar que seus ossos estão bem, que não foi desta vez que a osteoporose lhe pegou – serve um cálice e quando vai servir o outro digo que não posso beber.
- Helga, não posso beber, estou tomando anti-inflamatório.
- Eu não estou tomando nada então não tem problema. – e já entorna um gole – À sua saúde Véia! – descansa o copo e descasca o ovão de chocolate, tira uma lascona que enfia na boca.
- Helga me dá um pedaço! Chocolate eu posso comer! – ela me alcança um caquinho e volta a colocar o ovo trucidado em seu colo e assim passa a tarde. Falando, bebendo, falando e comendo.
- Dinorah, que pena que você não pode beber. Este vinho está uma delícia! – enche mais um cálice, já está meio grogue, e vejo que a garrafa já está no fim.
A criatura comeu todo o ovo que “o coelho deixou para mim” e também bebeu todo o vinho. Está bêbada. Já chorou imaginando como seria horrível se algo de “pior” tivesse acontecido comigo – isto é, se eu tivesse morrido. Ela é dramática, mas acho que também se faz de sonsa, assim não brigo com ela por ter comido todo o chocolate. Esfrega os olhos e os “bigodes” de coelho viram um borrão só. As orelhas ainda estão no lugar. Levanta-se cambaleando, diz que já vai, sinto que não vai dar boa coisa.
- Helga, espera que vou pedir para o Alberico lhe levar, pois do jeito que você está vai acabar caindo também.
A gorducha dá uma gargalhada e diz:
- Não tem problema, se cair e ficar toda torta o Adolfo poderá comer uma “torta alemã”, ou será um "alemã torta"?
A gorducha vai embora. Fico observando a silhueta daquele coelho gordo passar pelo portão onde deixa as orelhas enganchadas.
- Helga! As orelhas! – grito para ela.
- Deixa pra lá! Melhor perder as orelhas do que o rumo! – responde sem se virar, segue em frente cambaleante e, ainda sem se virar, grita – Feliz Páscoa Dinorah!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Lei Dinorah!

LEI DINORAH DA MARAMBAIA


Aos domigos, todo o cidadão deverá permanecer em sua casa, ficando proibida a visitação à casa de outro cidadão, a menos que tenha sido convidado.


Ninguém poderá aparecer de surpresa na casa de outra pessoa sob pena de ser visitado o dobro de vezes, com o dobro de pessoas, pelo dobro do tempo - isto se a pessoa visitada tiver saco para retribuir visitas.


Aos domingos, as pessoas que não tiverem o que fazer em suas casas deverão dirigir-se às praias, parques, cinemas, shoppings, etc.


Quem tem bichinho de estimação só poderá levá-lo de acompanhante na casa de quem também tiver bichinho de estimação.


Caso reste alguma dúvida, favor lembrar que até Deus, no 7º dia DESCANSOU!

Foi para isto que Ele inventou o domingo. Para todos descansarem e não só para o descanso das visitas!


Amém!


Marambaia, 20 de abril de 2011.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Desculpem a ignorância.

Dúvida 1
Desculpem minha ignorância – deve ser do tamanho do mundo, tenham dó de mim - mas alguém poderia me explicar o que faz uma pessoa ter vontade de assistir a encenação do calvário, a morte de Jesus Cristo? – não gosto nem de ver a propaganda. Ta eu sei, rende uma grana felomenal, como diria aquele personagem do Zé Wilker, mas eu ainda prefiro comer chocolate em Gramado. Talvez seja isto: a Paixão de Cristo não engorda!

Dúvida 2
Por que produtos tão famosos como os da Unilever tem umas propagandas tão bobocas e presumo caras como aquela da mulher que se joga de um andar lá de cima para entrar num vestido sem o manchar com o desodorante? Ou ainda aquela em que a Camila Pitanga corre, corre, corre...

Dúvida 3
Quem são aqueles homens azuis da Tim? – acho que nunca teria uma operadora com uns heróis tão feios e sem graça.

Dúvida 4
Será que não tenho mais nada para fazer?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O mau humor de Helga.

Ainda estava muito mau humorada com a última sacanagem da Helga – aquela em que ela me fez fumar matinho com orégano dizendo que era maconha - “da lata”. Encontrei-a no mercado, estava esquisita, cabeça baixa, calada, não conversava com nenhum atendente ou cliente, não sorria. Fiquei preocupada.

- Olá Helga! Tudo bom? – pergunto meio sem graça.

- Tudo. – E foi só. A gorducha não falou mais nada, continuava a colocar alguns tomates na sacola, junto com abobrinhas e outras frutas e verduras.

- O que foi Helga? Você tem certeza de que está bem? – insisti.

- Mais ou menos.

- O que foi, brigou com o Adolfo?

- Que Adolfo que nada! – exclamou irritada, não sabia se a irritação era com o pobre Adolfo ou comigo.

- Mas então o que é? O que é que está acontecendo?

- Ah Dinorah! Que saco! Será que não tenho o direito de ficar ruim um dia na vida? Não tenho o direito de sentir uma dor de cabeça, uma sensação de febre, umas dores migratórias pelo corpo?

- Nossa Helga! Você está tão mal assim?

- To! Já tomei um buscopan – que é para as dores da cintura para baixo e um beserol que é para as dores da cintura para cima, mas continuo sentindo tudo igual. Helga é hipocondríaca, adora tomar um comprimido, ”salivo só de olhar para um botão de camisa, pensando que é aspirina” conforme aprendeu com uma amiga, famosa gourmet. Ela tem umas companhias que ajudam a aumentar o estoque de remédios e sintomas – Comadre Blonde, Suely e ela sofrem de “sensação de febre” sem ter febre alguma, são os únicos casos que conheço. Elas também têm dores migratórias. Ora a dor está num braço, ora na perna, ora nas costas e assim a dor vai de um lado para outro, “migrando” por todo o corpo. Ela e a Comadre Blonde, sempre que se encontram discutem os últimos lançamentos farmacêuticos. A comadre vive na cidade grande, tem mais acesso a droga legal então manda cartas contando dos lançamentos. Helga imediatamente sai às catas do remédio novo. Imagine se ela vai perder para a comadre! Não ter o último lançamento seria uma humilhação! Vai daqui, vai dali, ajudo a gorducha com as compras, convido para conversarmos num café novo que abriu na cidade. Sem muito ânimo e com total ausência de bom humor a criatura concorda. Peço um refrigerante e uma fatia de torta de chocolate. Ouço o pedido da minha amiga:

- Para mim uma água mineral sem gás... – fala aquilo como se estivesse morrendo, mal ouço a voz, não fosse o peso de seu mau humor diria que não havia ninguém comigo.

- Água mineral Helga?!

- É! Por quê? Não posso ser uma pessoa saudável? Parar de comer este monte de porcarias? Coisas que só fazem mal para o organismo e deixam a gente cada vez mais gorda? Que saco! Agora você vai fiscalizar o que como, o que bebo? – a gorducha me xinga muito, está furiosa. Não sei mais o que fazer, pergunto sobre as dores, sei que ela adora este papo de dor x remédio.

- Onde é que está doendo Helga? Posso ajudar? Talvez uma massagem?

Helga abre um berreiro em pleno café, assim como gargalha alto, também chora bem alto. Fico em pânico. O que pensarão os outros? Pensarão que bati na criatura. Continuo insistindo para que ela fale, que diga o que está acontecendo. Por fim ela capitula e confessa.

- Dinorah, eu não estou aguentando mais! Não consigo nem pensar que dói! Entra em desespero e chora outra vez.

- Helga, pelo amor de Deus! O que é que está acontecendo? Vou levá-la ao hospital. Você está mal!

- Não precisa! Não é nada. É que há duas horas decidi fazer regime. Desde então comecei a passar mal. Estou me sentindo mal, com dores, depressão, desespero, raiva, ódio! – fala bem alto, quase gritando e por fim dá um berro – Quero morrer!!!

Desta vez quem dá a gargalhada sou eu.

- Por favor! Uma fatia de torta de chocolate e uma coca zero! – Empurro o prato para frente da minha amiga, que seca as lágrimas que lhe escorrem pelo rosto vermelho de tanto chorar. Entre soluços, espeta o garfo no bolo, saca um enorme pedaço de massa envolta em abundante camada de calda, enfia de uma só vez na boca. Come todo o bolo calada, catando todas as migalhinhas. Diz que o bolo está com um gosto diferente, mas se auto consola alegando que deve ser o tempo que passou sem comer chocolate – umas 4 horas, quem sabe.

- Querida! – fala, gentilmente, dirigindo-se a atendente - Por favor, consegue mais um pedaço! – da um suspiro, e com um sorriso nos lábios declara – Dinorah minha linda! Não há remédio que cure minha depressão, mau humor, dor nas costas, unha encravada, dor de cotovelo, como um bom pedaço de bolo de chocolate! Bendito cacau, bendito açúcar! Só eles para me causarem esta sensação de bem estar! A gorducha está feliz! Rindo a toa. Agora acho que chegou a vez da minha vingança:


- Helga, você tem certeza que está bem? Feliz?

- Estou! Estou de bem com a vida. Graças ao Doce!

Pego minha bolsa, pago a conta, deixo a gorducha se entupindo de bolo de chocolate.

- Tchau Helga! Fico feliz por você ter gostado deste novo café. Aqui só servem doces diet, a base de aspartame!

Saio rápido. Quando alcanço a porta um tomate passa de raspão por minha orelha e uma abobrinha cruza o céu sobre minha cabeça.

- Dinorah sua vaca! Você me paga!

sábado, 9 de abril de 2011

Droga de Helga!

Estou meio borocoxô. Não sei se é esta chuvinha, o resfriado, a preguiça...


- Hu hu! Olá Dinorah!


Ah meu Deus! Tudo menos uma visita da Helga! Não estou com vontade nenhuma de sair da minha concha, de encher os ouvidos com bobagens e asneiras. Não estou com vontade de rir – acho que gostaria mais é de chorar, sem saber por que nem por quem. Ai saco! Vou ter que dar um jeito e despachar a gorducha. Com uma cara azedíssima abro a porta e a criatura saltita na minha frente toda risonha e alegre. Tenho que dar um jeito de interromper o fluxo daquela energia alegrativa, afinal não estou a fim de ficar nem alegre nem feliz. Não entendi muito bem o traje que o ser estava usando. Uma coisa “temática” túnica indiana, faixa na testa, muitos colares e uma bolsa atravessada no ombro.

- Oi Helga – respondo com a cara amarrada e sem nenhuma empolgação.

- Dinorah, não adianta disfarçar, você estava assistindo “E o vento levou” e morrendo de chorar não é mesmo? Eu adoro chorar com a Scarlet...

- Helga, hoje não estou muito a fim de papo. Não estava assistindo nada e estou com vontade de ficar triste, de mau humor, azeda, de mal com a humanidade...

- Ah! Já sei! Você não está trocando o azedume nem por uma mega sena acumulada não é? Sei bem como é isto. – Fala num tom de seriedade, demonstrando certa compreensão, fico aliviada. A criatura vai entender a minha idolatrada depressão e vai se mandar, deixando-me em paz. – Eu também, às vezes fico assim, não quero mais nada além de uma caixa de bombons e quem sabe uma coca zero.

- Eu não quero bombom nem coca zero. Só quero ficar sozinha. Sozinha entendeu Helga?


- Para com esta bobagem Dinorah, você nem viu o que tenho na minha bolsa – sacode uma enorme bolsa de tricô colorido na minha cara


- Trouxe uma coisa maravilhosa para curtirmos juntas.

O que será que a gorducha tem na bolsa? Pozac, valium, eufor? Mas eu não quero nada Quero ficar sozinha, com ela, esta depressão maravilhosa que me faz sentir um ser rastejante, sem serventia, só sentido pena de mim mesma. É tão horrível! Tão bom para me lastimar.

- Tá bom Helga, entre. O que você tem aí? – não adianta, eu conheço a praga. Ela não vai desistir então o melhor que posso fazer é ouvi-la e despachá-la em seguida.

- Tchan! Tchan! Tchan! – mostra uma caixinha de fósforo – Dinorah! Há quanto tempo você não dá um tapinha?

- Helga, eu não acredito que uma velha como você agora deu para fumar maconha?

- Ora, ora, vamos parar com esta repressão! Há muito tempo passamos da idade de “pegar o vício”, naquele tempo até que fumamos pouco. Vivíamos com um bando de loucos e no fim éramos quase caretas. Ganhei unzinho de uma amiga, guardei para uma ocasião especial e acho que este dia chegou. Vamos lá garota! Vamos reviver Woodstock! – esta criatura tem o dom de me tirar do sério, mas não sei como não rir daquele estrupício. O que é que uma velha daquelas quer fumando maconha?

- Criatura eu nem sei mais como se fuma isto, aliás, sempre achei meio saco não existir um fininho com filtro ou com piteira, sempre acabava por queimar as pontas dos dedos e os beiços. - Não se preocupe, tem um grampo aqui. Eu também não sei fumar muito bem.

Ajeita daqui, ajeita dali, a gorducha “ligou” a droga – literalmente – deu uma tragada e meio fanha exclamou:

- Maresshhhia... maressshhia. Dinorah, dá um tapinha.. – a gorducha estatelou-se entre almofadas que jogou no chão e, como se fosse uma metamorfose simbiótica, não se podia definir onde começavam as almofadas e onde terminava a Helga. Fumamos um baseado consideravelmente grande. Falei que estava achando meio estranho o gosto da porcaria, ela me garantiu que era a falta de prática. Que era erva das boas – “da lata”! Helga começou a delirar, falava mais asneiras do que nunca. Normalmente, de cara, ela é uma asneira ambulante, mas assim, drogada, era muito pior. Começamos a rir por qualquer bobagem. Helga me perguntou se eu já estava vendo elefante cor de rosa voando, gargalhávamos, chorávamos e ríamos ao mesmo tempo. Não sei quanto tempo ficamos assim, até que de repente a gorducha levantou.

- E aí velha Dinorah de guerra? Gostou da farra?

- Poxa Helga, quanto tempo eu não ria deste jeito, só mesmo com uma maconha, suspirei.

- Maconha nada doidinha! Fiz uma mistura de uns matinhos com orégano. Dinorah, você precisa gostar mais de ser feliz!

- Helga, você me paga! – fiquei furiosa, joguei uma porção de almofadas naquela criatura horrorosa. Chamei-a de mau caráter, desonesta, falcatrua, 171!


- Tchau Dinorah! Já vou. Consegui trocar sua autocomiseração por raiva de mim. É uma boa troca. - Bateu a porta e foi-se embora.

Fiquei ali, morrendo de ódio daquela velha hippie. Droga! E agora? Cadê a depressão que estava aqui? Procuro por todos os cantos e não consigo encontrá-la.


Vai ver a gorducha levou-a na bolsa! Droga!

domingo, 3 de abril de 2011



Sábado à tarde, um calorão do cão, louca para ir à praia, mas um resfriado não me deu alternativa que não preparar aulas – o brinquedo novo que descobri. Eis que ouço uma voz conhecida:


- Hu! Hu! Dinorah? Comansává?

- Helga! Há quanto tempo! Entra que saudades! A gorducha, toda perfumada colorida e faceira, engrena um rebolado, faz biquinho e me indaga em francês:

Sávábian?

- O que é isto criatura! Agora deu para receber um santo francês? Foi só passarmos algumas semanas sem nos vermos que você virou francesa?

- Ai Dinorah! Nem lhe conto! – joga-se na rede, ajeita o corpanzial, reclama que depois será um sacrifício sair da tal rede, mas que adora se sentir suspensa no ar. Cutuca a parede com o pé para conseguir um embalinho – Hoje pela manhã, minha irmã Maria da Glória, aquela que é muito chique, ligou. Contou que está de malas prontas para comemorar o aniversário de casamento em Paris. Ah! Parrrriii! Como é linda! Que saudades! Da última vez que estive lá, lembro de ter saboreado queijos deliciosos.

- Só um pouquinho Helga. Quantas vezes você esteve em Paris? Que eu saiba, só uma. – a criatura suspensa e embalante, olhando para o nada faz um olhar de menosprezo, estala os lábios e afirma:

- Então, se fui só uma vez não importa, interessa é que, casualmente, foi a última vez que estive na Cidade Luz! Dinorah, vou lhe confessar uma coisa, não conte para ninguém, mas estou morrendo de inveja da Maria da Glória, você sabe, ela é meio metida, exibida, gosta de coisas chiques. Eu não a condeno por isto, afinal, também gosto de tudo isto, mas eu sei que ela é boa para línguas e vai voltar falando francês bem direitinho, por isto já estou ensaiando o meu. Não vou perder para ela. Já estou imaginando Glorinha fazendo biquinho para falar. Droga! Que inveja!

- Helga, deixa para lá este negócio de ciúmes. A Maria da Glória é uma pessoa tão legal, basta os telefonemas sem fim que vocês duas trocam e, se não me engano é sempre ela quem paga, sei bem que você liga e ela imediatamente diz para você desligar e ela liga em seguida.

- Ah! Dinorah! Pare de defender a Glorinha, o marido dela é cheio do dinheiro, apaixonado por ela, tá pouco se lixando se ela gasta uma hora em cada conversa que temos. Ele adora fazer as vontades dela. – faz mais um muxoxo e reclama – acho que agora também estou com inveja do marido da Glorinha. Mas o que é que você está fazendo? Não vai dizer que está às voltas com assuntos de aula? Dinorah, você anda um saco! Só pensa em aulas e histórias de alunos. Aliás, você descobriu quem foi que acrescentou o “nome” no final da relação de alunos que estava afixada na porta da sala de aula?


- Quem? O “Fida Peste”? Descobri! Foi no final da aula sobre Portinari. Passei duas horas falando e mostrando algumas gravuras com as obras em que o artista retratava o cotidiano, casamento na roça, trabalhadores, festa de São João etc. Foi quando ouvi uma criatura miúda – por que será que os miúdos são tão cheios de energia? - reclamar:

- Professora, a senhora falou o tempo inteiro que esse homem pintava o cotidiano, mas a senhora não mostrou nenhum retrato dele.

– Dele quem? – indaguei.

– Do Cotidiano, Fida peste!

A gorducha deu uma gargalhada, sacudindo-se na rede e assim que se recuperou perguntou:

- Dinorah, lembra-se da Irmã Calinda? – deu uma gargalhada ainda maior e repetia Caliiiinda imitando o sotaque da pobre freirinha. Helga e eu fomos colegas de primário e ginásio em um colégio de freiras, onde a maioria das professoras eram irmãs franciscanas alemãs, falavam com sotaque carregado. O nome correto da freirinha era Carlinda, mas ela não pronunciava o erre e a gente se divertia com aquilo. Pois ela foi nossa professora de Português. Pasmem! Aprendemos a conjugar verbos e análise sintática com ela – algumas, confesso, aprenderam mais do que eu. Tinha também a Irmã Aline que ensinava artes, nos ensinou a fazer fantoches de papel machê.

- Eu nunca consegui fazer um fantoche. Acabava fazendo umas bolotas de papel machê que grudava na lente dos óculos e ficava me fazendo de cega no meio da sala de aula – declarou entre risos a da rede.

Passamos a lembrar os tempos de escola. Rimos muito, éramos umas pestes. Eu nem tanto, mas a Helga! Ela era impossível, os professores não podiam vê-la que já a colocavam de castigo, antes mesmo que abrisse a boca e aprontasse alguma.

- Helga, lembra de uma fase que roubávamos a merenda dos professores? E aquela vez em que subimos na torre a Igreja e não conseguíamos descer? E quando matamos aula para pegar autógrafo dos “Brazilian Beatles”?

Fiquei com medo de que a rede com a gorducha não resistisse e viesse ao chão de tanto que ríamos.


- Dinorah, sabe de uma coisa? Fida Peste fomos nós duas – melhor: Fidêpêstê, fica mais chique!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Resposta da prova.

Como sou uma professora muito ansiosa, não aguentei esperar até o fim de semana para dar a resposta do teste. Lá vai:


Os objetos ou elementos recorrentes nas obras de Portinari são o bauzinho azul – nem sempre azul, a cabaça ou moringa e a corda, ou rolo de corda. Quando as tias de Portinari vieram da Itália, trouxeram o tal baú onde guardavam suas lembranças. Achei tão bonita a forma de homenagear as tias que resolvi ressaltar o fato. Com relação aos demais elementos, não descobri o porquê, se alguém souber, ficarei agradecida.


Acho que a Sandra foi quem chegou mais perto da resposta, então o ponto vai para ela. Parabéns Sandra e continue sendo uma aluna esforçada! - até então, eu não fazia a mínima idéia de qualquer coisa.


Mexerico

c.1940 Pintura a óleo/tela 73 x 59.8cm Rio de Janeiro, RJ Assinada no canto inferior esquerdo "PORTINARI". Sem data Sotheby's, New York,NY


http://www.portinari.org.br/ - vale a pena visitar

segunda-feira, 28 de março de 2011

Justificando o sumiço.

Pois é gente, ando sumidinha, mas já vou explicar por que. - Jane, http://jane-byjane.blogspot.com/. mata a tua curiosidade.


Recebi um convite que me deixou intrigada, de início não queria aceitar – trata-se de trabalho, e eu, já aposentada, com a vida ganha, não queria mais nada com qualquer coisa que significasse compromisso, mas confesso que fiquei curiosa e falei que iria tentar. Enfim, para resumir, estou dando aula de artes – Educação Artística como chamam atualmente – no meu tempo existia só Trabalhos Manuais, tricô, crochê, bordado – coisas que a Nina http://omeupensamentoviaja.blogspot.com/. domina com mãos de fada.


Hoje em dia não, têm uma série de atividades que incluem estudar a História da Arte, movimentos artísticos, pintores, ecultores. Artes visuais – que é tudo, mais dança, teatro e música. Gostaria imensamente de registrar alguns episódios ocorridos em sala de aula, mas deixo para outra ocasião – tem histórias incríveis.


Hoje vou comentar somente sobre os materiais usados pelas professoras de artes. Sinceramente, não consigo entender o que faz uma professora, nos dias atuais, usar tanto TNT, EVA e isopor para os trabalhos artísticos. Em primeiro lugar, acho que ainda não inventaram nada mais brega que a quinquilharia feita de EVA, TNT e isopor – normalmente são coisas feias, que não servem para nada a não ser para ir para o lixo. O tal do bisquit também. Passei o fim de semana tentando encontrar na net o prazo que cada um dos materiais que detesto leva para se decompor na natureza e, pasmem, nenhum se desmancha em menos de 450 anos. - Para o desespero da Aninha http://agroecologiamt.blogspot.com/. Então, estamos ensinando os alunos a fabricar lixo poluente. Tem tanta outra coisa legal para trabalhar como argila, papel machê, sei lá mais quanta coisa. Bem, vou começar por mim, não vou usar estes produtos – eventualmente quem sabe, mas não fazer uma constante. Aceito sugestões. Malu, conto com você, tenho tirado vários conselhos do seu http://euacreditonaeducacao-malu.blogspot.com/.


Como vocês podem ver, a velha Dinorah voltou à ativa e está super envolvida com a nova atividade, e apaixonadíssima pelos alunos, inclusive com os que têm bicho carpinteiro na bunda – estes parecem ser os melhores. E estou achando o máximo ser chamada de professora. Mata a carência de qualquer ser humano. – Sandra, http://cactobola.blogspot.com/, lembre de sua mãe, ela tinha razão, ser professora é muito bom.

Vou deixar uma lição de casa para vocês: Quem sabe dizer quais eram os três objetos recorrentes que aparecem em algumas telas de Portinari? (juro que não sabia, e achei muito legal descobrir). Quem acertar ganha um ponto! (faço um ponto a lápis ao lado do nome do aluno, eles querem saber quanto vale o ponto e eu respondo: Um ponto vale um ponto!)

Coloco a resposta no fim de semana.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Mera constatação.



Nos últimos dias pude constatar que:




Tem pais que criam filhos para adaptarem-se ao mundo. Outros, exigem que o mundo se adapte aos seus filhos.





E, que os primeiros, sofrem e causam menos dores do que os segundos.












quarta-feira, 9 de março de 2011

Sou Livre!

VOCÊ ADORA, A SOM LIVRE TOCA – e fatura!

A pretensão da Som Livre é dose!


Em primeiro lugar, eu não ADORO “Batidão Sertanejo” nem música Pentecostal – onde, cada vez mais surgem pastores, padres, bispas faturando em cima de Deus.


SOU LIVRE, TE TOCA!


PS.: é só um desabafo!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval na Marambaia

A Marambaia está em festa! É carnaval!



Cerca de um mês antes da festa pagã, começam a aparecer os “Caretas”. Crianças, homens, mulheres, gente moça e gente nem tão moça assim, enfiam-se em fantasias. Usam máscaras e saem no final das tardes para brincar na rua. Ninguém sabe quem é quem. A brincadeira é não se deixar descobrir. O povo se diverte e assim, fica-se sabendo que logo será carnaval.


Na alvorada de sexta feira, é dada a largada para a festa. Quem abre os festejos é o “Bloco da Paz”, composto em sua maioria por mulheres, que se encontram na categoria da segunda adolescência – terceira idade não combina com aqueles espíritos felizes, bem humorados e brincalhões. Todas de branco, percorrem as ruas da pequena cidade, acordando seus moradores ao som de uma bandinha, quem quiser brincar que se junte a elas. Animadas cantam todos os sucessos do momento – momento em que eram jovens – A Jardineira, Ala lá lá ô, Bandeira branca, enfim, todas as boas marchinhas de carnaval que sabemos de cor de tantos carnavais. Já vi alguma desfilar de bengala, outra amparada por uma amiga, muito cabelo branco. Como é carnaval, imagino que tudo não passe de adereços e fantasias que usam para se divertir, pois são as meninas mais alegres e divertidas que conheço. Este ano, fizeram uma exceção e saíram às cinco da tarde, acho que algumas meninas são dorminhocas demais.


A festa segue até a quarta feira de cinzas. Blocos desfilam a qualquer hora do dia. Tem bloco para todo o gosto. Para crianças, jovens, adultos e os muito adultos. Com música moderna, marchinhas antigas, com bandinhas ou música eletrônica.


No sábado, passada a quarta-feira de cinzas, o mesmo "Bloco da Paz" que abriu os festejos, encerra as comemorações com o “Jegue Elétrico”. Um jegue, todo enfeitado com colares de flores e, as mesmas jovens animadas - aquelas que usam fantasia de senhoras - avisam que o carnaval acabou, e que no ano que vem tem mais.
Fico imaginando se existe um lugar onde o carnaval possa ser tão divertido, democrático, e sem maquiagem quanto o da Marambaia. Basta ter espírito de folião o resto, ta na mão.

PS.: estou rouca de tanto cantar a Jardineira, Mulata bossa nova, Cabeleira do Zezé, Mamãe eu quero. Meus pés parecem dois pães sovados, e os joelhos estão rangendo, mas já estou toda perfumada para o baile no salão do clube. Fui!