Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
A história de Dinorah você encontra em: DINORACOMAGANOFIM: Muito Prazer! Dinoracomagánofim.



Dinorah

Dinorah

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Helga e os animais em extinção


- Dinorah estou inconformada! – a gorducha dá um gemido misturado com bufada, já deu para sentir que ela não está nos seus dias.
- O que foi Helga? O que aconteceu?
- É o Adolfo! A criatura anda numa preguiça que está me dando nos nervos. É um tal de me alcança isto, me alcança aquilo. Imagina que hoje ele me disse que não iria cozinhar. Adivinha para quem sobrou? Para mim! Ora, onde já se viu? Ele sabe que estou numa fase em que não consigo nem passar na porta da cozinha, quanto mais chegar perto do fogão e da pia.
- Helga, você não está sendo muito carrasca com o Adolfo? Afinal, esta sua “fase” já tem algum tempo. .
- E também não estou aguentando lavar louça. – completa a gorducha indignada.
- Então, esta reclamando do quê? O que custa cozinhar um dia?
- Não adianta você tentar me acalmar, estou de saco muito cheio, já é o segundo dia que cozinho este mês. - ela sacode o pezinho, nervosamente - Você sabe Dinorah, é assim que começa. Cozinho um dia, depois outro, e mais outro, e por fim a criatura acaba pegando gosto pela folga e quem se dana sou eu. Cozinhando, lavando, todo o santo dia. Mas já dei um basta!
- O que foi que você fez Helga? Você brigou com o Adolfo?
- Não, não briguei. Só esclareci que se ele não mudasse o caldo poderia entornar. Falei que não pensasse que é uma espécie rara de animal em extinção. Que ele não é nenhuma “ararinha azul” para ser tão valorizado. – bem baixinho sussurra no meu ouvido – cortei as asinhas do Adolfo, agora ele está uma doçura. - A gorducha para de sacudir o pezinho, levanta e num suspiro de alívio, declara:
- Ele já prometeu que amanhã o almoço e a louça são por conta dele! – dá uma sonora gargalhada e emenda – O dia em que ele descobrir que é o meu "mico-leão-dourado" estou lascada!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Fantasia de carnaval da Helga.

A Helga anda preocupada. Ontem quase que não me deixava falar de tanto que comentava sobre fantasias de carnaval.
- Dinorah, eu gostava mesmo era de pegar “O Cruzeiro”, para copiar as fantasias de carnaval. Hoje em dia não existe mais de onde tirar inspiração – a gorducha suspira como se fosse um caso de doença terminal. – Na minha idade, já me fantasiei de tudo o que você possa imaginar. Quando criança minha mãe me fazia fantasias de tirolesa, baiana, cigana. Depois, mais jovem, gostava de fantasias charmosas como odalisca, melindrosa, Cleópatra.
Lembro de uma fotografia, em que ela não estava nada charmosa. Estava fantasiada de cachorro quente.
- Helga, e aquele ano que você saiu fantasiada de cachorro quente? Você não está lembrando? – a criatura se faz de louca, diz que não lembra muito bem – Helga, por que você não está lembrando aquele carnaval?
- Ai Dinorah! Que saco! Você sempre querendo me fazer retornar a minha fase rebordosa, você sabe que prefiro esquecer aquela época. Foi um período em que estava muito difícil encontrar um namorado então resolvi apelar. Fiz uma fantasia de cachorro quente. Pensei em fazer uma de pizza, mas como sou um pouco cheiinha a pizza ficaria grossa demais, já cachorro quente é uma coisa assim, mais fofinha.
- Acho engraçado alguém se fantasiar cachorro quente. Onde já se viu fantasia de comida?
- Hã Hã Dinorah! Agora você matou a charada! Você sabe que sou muito inteligente, então pensei: - se fizer uma fantasia de comida, quem sabe, se lá pela metade do baile não aparece algum folião morto de fome e deseje comer alguma coisa? Sacou? Sacou? – a gorducha dá uma gargalhada mostrando um sorrisinho cheio de más intenções. Acho aquilo um horror, mas minha curiosidade é maior.
- E você encontrou algum folião faminto? Alguém que comesse o cachorro quente? – Ela fez um gesto de deixa prá lá, e respondeu meio encabulada.
- Que nada, foi um fracasso! A única coisa que consegui foi uma coca cola grátis do moço da carrocinha de cachorro quente. O pessoal achou que eu estava fazendo propaganda. Ele nunca vendeu tanto cachorro quente como naquela noite!


Caímos na gargalhada. Esta Helga tem cada idéia!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O "causinho" da Sueli Bonita.

Suely era uma moça muito vistosa e bonita. Todos os rapazes queriam namorá-la. Era esguia, alta, morena, o cabelo era negro como a asa da graúna, tinha um porte de princesa. Caminhava com a cabeça erguida e olhar altivo.
Ao lado de Sueli, andava sempre uma mocinha magrela, feinha, de cabelos sem uma cor definida, branquela e meio manquitola. A mocinha dedicava sua vida a Sueli. O que Sueli precisasse a amiga estava ali para atendê-la. Desde alcançar um copo d’água ou ir até o armazém comprar grampos para a beldade fazer um coque. Levava as compras – Sueli não carregava sacolas, a amiga era a encarregada, não importando o peso das ditas.
A feiosinha achava o máximo ser amiga da bonitona. Sonhava com o dia em que Sueli dispensasse um de seus tantos pretendentes e, quem sabe, sobrasse um para ela.
Nunca ninguém soube o nome da mocinha feia, a vida inteira todos a chamavam de “A Amiga da Sueli Bonita”.

Quem contava este causinho era a Hebe, mãe de uma grande amiga em cuja casa ia passear nos verões.
Um dia chegamos à casa da Hebe, eu e sua filha. A Hebe que estava toda catita nos esperando, perguntou se queríamos um cafezinho, respondemos que sim e lá se foi ela preparar o café. Trouxe bolo, biscoitinhos, arrumou a mesa, contou causinhos e nos paparicou. A filha da Hebe perguntou se não tinha refrigerante.
- Tem sim! Já vou buscar – e lá se foi a prestimosa Hebe providenciar.
- Mãe, traz aquela revista que está em cima da cama.
Depois de uma montoeira de pedidos a Hebe se rebelou e deu um basta.
- O que é que vocês estão pensando? Que eu sou a Amiga da Sueli Bonita?
- E quem é a Sueli bonita? – perguntei. Foi então que ela contou um de seus causinhos – ela adorava contar causinhos. Os primeiros dez a gente ouvia e não reclamava, quando chegava no décimo primeiro suplicávamos:
- Chega Hebe!
– Pára mãe! Nós não aguentamos mais causinhos.
- Só mais um! Prometo que é o último. E lá ia a Hebe contando seus causinhos até que dormíssemos.
Hoje senti uma saudade muito grande daquele tempo, da Hebe e seus causinhos que ela já não conta mais, está com Alzheimer. Tomara que neste mundo em que hoje ela se encontra, esteja vivendo seus inúmeros causinhos, todos tão cheios de inteligência, humor e alegria.
Um beijo Hebe!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A faxina de Helga.

- Hu Hu! Dinorah? Você está aí? Abra depressa o portão. Estou apertada!
Deus do céu! A gorducha é escandalosa mesmo! Toda a vizinhança tem que saber que está louca pra fazer xixi. Corro para abrir o portão. A criatura passa apressada para o banheiro – o Alberico está em casa? - Respondo que não – então nem vou fechar a porta!
- Vou fazer um café pra nós duas, já vi que a sacola da padaria está bem grande hoje!
- Pois é Dinorah, acho que descobri por que estou gorda.
- Por que, minha linda? O ar que você respira é muito calórico ou é a água?
- Nada disto! É por que sou muito boa.
- E desde quando bondade engorda Helga?
- É que não posso ver o menino das empadinhas que compro, morro de peninha do coitadinho. Depois vem o rapazinho do sonho, tem o outro que vende quebra-queixo...
Ela sempre arranja uma maneira habilidosa de escapar de algum comentário sobre o seu peso. Antes que eu fale qualquer coisa, ela já está na defensiva e, ainda, se faz de coitada. Sirvo o café e ela retira um saco de biscoitinhos de polvilho e vai “tungando” os biscoitos no café. Com um imenso sorriso comenta o quanto gosta disto, - faço isto desde criança! - Fala num orgulho como se fosse o Nobel do bom gosto e boas maneiras.
- Helga, outro dia você falou que fez faxina em uma Igreja, no tempo em que morou na Alemanha. Você nunca me contou sobre isto.
- Ah! Dinorah! O que é que você quer relembrando coisas de mil anos atrás? Já nem sei mais se aquilo tudo aconteceu ou se li em um livro.
- Mas é verdade mesmo? Você fazia faxina em uma igreja?
- Fazia, fazia – responde sem muita paciência – não era bem em toda a igreja que, aliás, era meio sem graça, era uma igreja luterana, daí que não tinha santos e estas coisaradas de altar católico barroco. A faxina mesmo era no escritório do pastor. Minha amiga Rosário é quem detinha o título de faxineira oficial, eu só fazia faxina sozinha quando ela viajava – você sabe, nunca dominei a língua alemã – ora “dominei’, - esta Helga sabe se valorizar penso comigo mesmo. Ela se anima e vai falando. – A primeira vez, a minha amiga me levou junto e me apresentou ao pastor e lhe disse que, como ela não poderia vir no próximo sábado, eu viria no lugar dela, também explicou que eu não falava chongas de alemão – é claro que ela não disse “chongas” para o pastor não é Dinorah, Rosário era educada – dá uma risada e completa – não muito.
O pastor nos entregou as chaves e fomos para o tal escritório. Uma peça de tamanho normal, umas quatro escrivaninhas, todas limpíssimas, móveis antigos de madeira lustrosa. Dinorah, para te encurtar, acho que ali não precisava limpar nada, era só recolher os papéis das lixeiras, passar um pano nos móveis e dar uma varridinha, coisa de meia hora, mas a Rosário me disse que deveríamos levar duas horas. Para cada uma ganhar 10 marcos. Se fôssemos muito rápidas, nosso trabalho não seria valorizado e ganharíamos muito pouco. Perguntei para ela o que faríamos em duas horas? Não havia o que limpar.
- Poxa Bolota, você é um saco! O negócio é o seguinte: a gente liga o aspirador de pó e o deixa parado em um canto, enquanto isto a gente come uns biscoitinhos que uma frau sempre tem aqui na gaveta. Mas não podemos comer muitos. Ela pode ter contado os biscoitos.
- Então Dinorah, nós nos sentávamos em cima de uma das escrivaninhas, comíamos biscoitos, conversávamos e ríamos. Até que a minha amiga dizia:
- Bolota, este aspirador de pó está muito tempo em um só lugar, desliga e liga lá no outro canto. O pastor mora aqui em cima e vai achar que a gente só limpa o mesmo canto.
- Assim, íamos trocando o aspirador de um lado para outro. Passada as duas horas, guardávamos o material e entregávamos as chaves ao pastor, que já abria a porta com os vinte marcos na mão. Agradecíamos tão educadas quanto duas freirinhas de caridade. Saímos discretamente até chegar à esquina onde dávamos pulinhos de faceiras e corríamos até uma cantina italiana, onde trabalhavam uns garçons muito gentis, apaixonados pelo “Falcão, o rei de Roma!” - e só por isto, ganhávamos um bom desconto, por que éramos brasileiras. Comíamos pizza marguerita, tomávamos vinho. Total da conta com o desconto: Vinte marcos. Entregávamos o dinherio que acabara de sair da mão do pastor e saímos felizes. A Rosário sempre dizia:
- Bolota, a gente se dana com este frio e esta neve até os joelhos, mas é muito bom! – o rosto da Rosário ficava vermelho, não sei se por causa do frio ou do vinho.
A gorducha dá uma de suas gargalhada, faz uma expressão de “impróprio para menores”
- Dinorah, você não imagina o que aprontamos naquela terra, uma vez a Rosário fez xixi no balde - a gorducha sacode os peitos e a barriga de tanto rir - mas já faz tanto tempo que nem lembro mais... E se lembrar é melhor esquecer!

Por que eu?



Fui à praia levar uma rosa para a Mãe de todos os Orixás, a Rainha das Águas. O dia estava luminoso, céu azul, mar de águas mornas e cristalinas.
Foram muitos banhos de mar – vocês já notaram que na água ou em frente a um sorvete as pessoas sempre sorriem? – pois assim eu estava.
Olhando aquela paisagem, ouvindo o ruído do mar, dos coqueiros, dos passarinhos, em uma enseada minúscula, quase deserta, pensei:
- Meu Deus! O que foi que fiz para merecer tudo isto?


No mesmo instante, fui invadida por uma sensação tão maravilhosa que imaginei ser o que sentem os milionários. Logo, concluí que também era uma! E falei, não, não falei, gritei bem alto: - "Eu sou uma milionária!" - o marido, que dormia na cadeira ao lado levou um susto e perguntou o que era aquele escândalo, falei que havia acabado de descobrir que era milionária e o quanto isto é bom
Agradeci à Deus, ao Cosmo, aos Espíritos de Luz, ao meu Anjo da Guarda, à Mãe Natureza.


Ato contínuo comecei a revirar a alma a procura uma explicação. Por que eu, euzinha, seria merecedora de tanta felicidade?



Lembrei que, como todo mundo, comecei a trabalhar cedo. Trabalhava de dia, estudava a noite. Tive chefes bonzinhos, outros nem tanto – qualquer dia conto a história de um chefe cujo signo zodiacal era cavalo com ascendente em burro. Vivi momentos de perdas, de quase desespero. Amores muitos. Alguns resolvidos e outros nem tanto. Momentos em que estive gorda, outros um pouco menos. Auto-estima lá em cima, ou abaixo da cola do sapo. Com dinheiro ou totalmente sem nenhum. Em meio as crises, que foram muitas, sonhava em fugir, abandonar tudo, “virar hippie”. Ouvia Vinicius cantando “Tarde em Itapuã” e sentia o cheiro do mar e ouvia o “diz-que-diz-que” dos coqueirais. Este era o meu refúgio, o meu sonho. Jurava para mim mesma que um dia iria viver de brisa, sem dar satisfação a ninguém. Seria livre, viveria em um lugar em que o frio não congelasse os pés, nem o calor sufocasse. Em uma linda e ensolarada praia. Ou seja, eu sonhava com o paraíso – só faltava a maçã e a folha de parreira.

Passaram-se trinta anos - às vezes o pozinho de pirilimpimpim não tem efeito instantâneo - tem que sonhar por muitos e muitos dias até surtir efeito, mas não duvide!
O pozinho funciona!

Acabei por virar uma hippie da terceira idade, aposentada – by São INSS.


Vivo no lugar que sonhei, do jeito que sonhei.


Foi assim, escarafunchando a alma e a memória é que descobri, porque hoje sou milionária e vivo no paraíso.
Descobri que, se a gente acreditar que é possível, tiver fé e paciência, os sonhos acontecem.

Muito pozinho de pirilimpimpim pra todos!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

..." dois de fevereiro, dia de festa no mar..."

“...dois de fevereiro dia de festa no mar...”
Resolvi procurar e encontrei as mais variadas versões sobre Yemanjá. Esta foi a que achei mais interessante:

Narra a lenda africana de Yemanjá que era filha de Olokum, a deusa do mar. Casou-se, em Ifé, com Olofim-Odudua., com quem teve dez filhos que se tornaram orixás. De tanto amamentar os filhos, seus seios se tornaram imensos. Cansada da estadia em Ifé, fugiu para o oeste, chegando a Abeokutá. Ao norte desta cidade vivia Okere, rei de Xaki, que desejou desposá-la. Ela concordou, com a condição de que ele nunca ridicularizasse o tamanho de seus seios. Ele assentiu e sempre a tratava com consideração e respeito, mas um dia, voltando bêbado para casa, gritou para ela: “você com seus seios compridos e balouçantes! você com seus seios grandes e trêmulos!”. Yemanjá, ofendida, fugiu em disparada. Antes de seu primeiro casamento Yemanjá recebera de Olokum, sua mãe, uma garrafa contendo uma poção mágica pois, “nunca se sabe o que pode acontecer amanhã”; em caso de necessidade Yemanjá deveria quebrar a garrafa, jogando-a no chão. Em sua fuga, Yemanjá tropeçou e caiu, a garrafa quebrou-se, e dela nasceu um rio cujas águas levaram Yemanjá em direção ao mar, residência de sua mãe. Okere, contrariado, quis impedir a fuga de sua mulher e foi-lhe ao encalço. Para barrar-lhe o caminho transformou-se em uma colina, ainda hoje chamada Okere. Não conseguindo passar, Yemanjá chamou Xangô, o mais poderoso dos seus filhos. Ele pediu uma oferenda e, recebida, disse-lhe que no dia seguinte ela encontraria por onde passar. Nesse dia Xangô desfez os nós que prendiam as amarras das chuvas e as nuvens começaram a se reunir; Xangô então lançou seu raio sobre a colina Okere, ela abriu-se em duas, e as águas do rio de Yemanjá atravessaram a colina e a levaram até o mar, onde ela resolveu ficar e não voltar mais à terra. (VERGER (1987;50)
Seus filhos e filhas são serenos, maternais, sinceros e ajudam a todos sem exceção. Gostam muito de ordem, hierarquia e disciplina. São ingênuos e calmos até demais, mas quando se enfurecem são como as ondas do mar, que batem sem saber onde vão parar. São vaidosos mais com os cabelos. Suas filhas sabem seduzir e encantar com a beleza e mistérios de uma sereia. Geralmente as filhas de Iemanjá têm dificuldade em ter filhos, pois já são mães de coração de todos.
Dia: Sábado. Data: 2 de fevereiro. Metal: prata e prateados.Cor: prata transparente, azul, verde água e branco.”
No sincretismo Yemanjá corresponde a Nossa Senhora Dos Navegantes
Origem destas informações
http://pt.wikipedia.org/wiki/Iemanj%C3%A1
http://www.faced.ufba.br/~dept02/calendario/yemanja.html