Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
A história de Dinorah você encontra em: DINORACOMAGANOFIM: Muito Prazer! Dinoracomagánofim.



Dinorah

Dinorah

terça-feira, 31 de maio de 2011

Helga e suas pequenas maldades.

- Hu Hu! Dinoraaaah!!!
Adivinha se não é a gorducha?
- Helga que bom que você apareceu! Aceita um café com biscoitos. Hoje não tenho bolo para lhe oferecer, ando tão ocupada com os assuntos de escola... – não sei como consegui completar a frase, acho que foi só por que se tratava de comida que ela me concedeu uma brecha.
- Ora, ora, Dinorah! Como não aceitar uns biscoitinhos não é mesmo? - Vagarosamente a gorducha vai examinando toda a casa até chegar à cozinha onde preparo o café. Por alguns instantes permanece calada até que desembucha – Nossa Dinorah! Você está de mudança? O que são estas sacolas, caixas e pacotes esparramados por toda a casa?
- Nem me fale Helga! Ando tão ocupada com as atividades escolares que mal tenho tempo de me coçar, chego em casa e vou atirando tudo por aí mesmo. – Ela lança um olhar de reprovação, para não me deixar mal engole uma crítica, apenas sussurra – É... Você já foi mais organizada... – Enquanto a água ferve, sinto que ela me examina de cabo a rabo, mais precisamente o rabo e lança o veneno:
- Dinorah, é impressão minha ou você está mais cheiinha? O rostinho mais redondo? Você está corada, brilhosa! - Esta gorducha não dá trégua, tento encolher a barriga, mas é tarde demais – Aliás, desde que você começou com estas tais aulas você uma deu uma “arredondada” heim?
- Pois é Helga, nos dias em que a merenda é mingau de milho, manguzá, aproveito e como uma provinha... Confesso que adoro a merenda da escola. É uma delícia! O porteiro que é meu amigo sempre me avisa quando tem o que gosto...
- Dinorah, Dinorah! É bom você tomar cuidado! – Adverte a gorducha com um ar solene - os caras estão investigando o desvio de merenda. Se alguém tiver a idéia de lhe pesar antes e depois do recreio você está frita! Vão descobrir para onde está sendo desviada toda a merenda escolar.
- Helga, você acha que estou tão gorda assim?
- Ai, Ai! Não acho nada! Sugiro apenas que você não passe em frente à Polícia Federal.
Droga! Agora além de fugir da balança vou ter que correr da polícia?

domingo, 29 de maio de 2011

Sou linda!

Aluna de 10 anos coloca um bilhetinho dentro do meu caderno. Que Portinari que nada! Sou muito mais a Miriã! Não estou linda?

sábado, 28 de maio de 2011

Os dentes de Helga.

- Dinorah sua Vaca Velha! Você anda sumida, vira e mexe passo por aqui e dou com o nariz na porta. – A gorducha me xinga aos berros lá do portão, saio correndo para evitar o escândalo, mas ela continua falando alto, diz que tem um monte de novidades.

- Entre Helga! Também estou com saudade. Vontade de saber das novidades. - Ela entra e se joga no sofá, respira fundo, faz uma careta, espreme os olhinhos e mostra os dentes, como se fosse uma cachorra velha, mais precisamente uma buldogona.

-Não estão lindos? – Fala entre dentes. - Resolvi que iria parar de adiar a visita ao dentista.

- Que bom! Eu também estou precisando...

- Dinorah você sempre me interrompe! Fui eu quem começou a contar a história, deixe-me continuar. – Respiro fundo, calo a boca e deixo que fale. - Estou indo naquele dentista bonitão sabe? Falei para ele que queria ficar com os dentes bem branquinhos e aqueles dois da frente bem grandões, como coelho, iguais aos da Xuxa.- Engulo o riso e penso: ela já vai ficar igualzinha a Xuxa! – Dinorah, acho que a Xuxa coloca silicone até nos dentes, cada ano estão maiores. – Tento dar um palpite, mas ela não para nem para respirar. – Você não imagina a fortuna que custou o tratamento. Quase caí da cadeira quando o dentista bonitão falou o preço. Ele justificou que seria caro assim por conta de uma anestesia geral. Resolvi negociar, falei que queria fazer o tratamento, se era possível dividir o pagamento em muitas parcelas. Sabe o que ele me disse? -e imitando a voz grossa do dentista, a gorducha exclamou: Dona Helga, a senhora está sugerindo um parcelamento do tipo “Minha Casa Minha Vida”?

-Isto mesmo doutor! A gente só muda o nome do plano para “Minha boca, Minha vida” e deixa o número de parcelas mais ou menos parecido com os financiamentos da Caixa Econômica. Eu quero ficar com os dentes bem branquinhos, mais aqueles dois grandões da Xuxa.

- Helga seus dentes estão clarinhos, mas não estão grandes...

- Poxa vida!- reclama a dos dentes brancos – é que você não me deixa falar! Eu tentei! Coloquei umas emendas para aumentar os dentes, mas deu problema. Como já tenho um pouquinho mais de idade, para os dentes aparecerem tinham que ser bem compridos, os beiços caem, como tudo depois de velha. Daí que eu dormia de boca aberta, roncava mais que o Adolfo que me disse que se eu não desse um jeito no ronco ele iria se separar. A solução foi voltar ao tamanho normal, só assim posso dormir de boca fechada.

Sinto uma vontade imensa de soltar uma gargalhada. Imagino o estrupício dormindo de boca aberta, com dois imensos dentes brancos saindo boca fora. Controlo o riso para não perder a amiga e digo que os dentes estão muito bonitos, bem branquinhos.

- É o resultado do clareamento com lazer. – declara a exibida.

- Helga, não é LAZER é LASER – corrijo.

- É nada Dinorah! Com aquele dentista bonitão, é com LAZER mesmo! – declara a gorducha que dá uma de suas estrondosas gargalhadas.

Pobre do dentista! Só mesmo com anestesia geral para fazer o estrupício parar de falar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Oi!

Sumidíssima!


Mortinha de saudades da vizinhança de blog. Louca para saber das novidades, sem tempo nem de fazer uma visitinha de médico, mas acho que esta semana consigo entrar nos eixos. Como vocês sabem, estou às voltas com as aulas de Artes e acabo por me envolver de tal forma que minha casa se transformou no local de ensaio de peça teatral, café da manhã com alunos que vem cedinho me visitar, outros vem à tarde. Acabo por “perder meu tempo” com pequenos adolescentes rodeados de tantos problemas que não acho justo não lhes dar um pouco de atenção. Aluno gay, aluno que não conhece o pai, família envolvida com drogas, menino criado por parentes, por não ter mais nem pai nem mãe – minha mãe fugiu e meu pai morreu. Enfim tanta coisa que na idade deles eu não sabia que existia, acabo por recebê-los e descuidando do que gosto tanto de fazer – mas existe coisa melhor do que ouvir crianças? Saber de seus sonhos, o que fazem, como vivem?


- Meu pai é pescador.


- Eu vendo queijo na praia.


- Eu faço “carrego” na feira. (carrega as compras em um carrinho de mão até a residência das pessoas).


- Eu venho todo dia de barco. Viajo uma hora para chegar à escola.


Daí que nas aulas eu brigo com eles, xingo porque não estão prestando atenção, que conversam o tempo inteiro, mas sou apaixonada por cada um – quanto mais medonho mais eu gosto.


Outro dia, uma segunda feira, 7:30 da manhã, ouvi Seu Zé, dizer que já estava abrindo o portão. Imediatamente a escola silenciosa até então foi invadida por uma algazarra, gritos, empurrões. Para espanto do meu marido, que é professor há muitas décadas, declarei que sempre que ouvia aquela algazarra derrubar o silêncio sentia como se o meu sangue corresse mais forte nas veias, que adorava aquela sensação. - o que não impede que saia meio zonza da aula.


- Você é louca! – declarou o velho professor.


- Certa eu sei que nunca fui! – peguei meus cadernos, e fui enfrentar as feras que no fundo são muito belas.


Sabe aquele ditado que diz: “Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece?” – No meu caso são mais ou menos 280 Mestres!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Pérolas!

Passada a semana de provas, começam as correções:

Educação Ambiental.
P. Qual a sigla do órgão que fiscaliza a fauna e a flora nativa?
R. OBAMA.


História
P. Fale sobre a queda da Bastilha.
R. A Bastilha caiu quando caíram os Jardins da Babilhonia.

Inglês
P. Cite três países onde se fala a língua inglesa.
R. Espanha, França e Itália.


Ah! estava esquecendo a conjugação do verbo VIR.
Se eu vinhé, se tu vinhé, se ele vinhé....

Ai Ai! Cambada de professores incompetentes!

sábado, 14 de maio de 2011

Helga e a visita de Comadre Blonde.

Fui visitar a Helga. A casa estava toda aberta. Gargalhadas vinham da cozinha onde uma loira, alta, magra, muito bronzeada, com um vestido amarelo bandeira, falava alto e gesticulava. As duas riam muito e nem notaram a minha chegada. Sobre a mesa, caixas, caixinhas, vidros, vidrinhos, potinhos de todas as cores. Helga examinava com atenção e perguntava sobre os remédios. Estava encantada com um que parecia um disco voador roxo e lilás.
- Comadre que coisa mais linda este roxinho! E este prateado!
A Comadre se exibia com uma imensidão de remédios, explicando suas indicações. A gorducha examinava cada um como se fosse uma relíquia, senti certo olhar de inveja. Foi quando ela levantou, foi até o armário e lá de cima retirou uma enorme caixa plástica cor de laranja.
- Os meus estão aqui! – falou isto e exibiu com orgulho uma montoeira de remédios. Imediatamente a comadre parou de rir e reclamou:
- Ah! Assim não vale! Você tem mais remédios por que está em casa, eu estou viajando, por isto só trouxe os “básicos”!
Foi quando elas me viram. Helga saltou da cadeira correndo ao meu encontro.
- Dinorah, você não imagina que surpresa maravilhosa! Esta é a Comadre Blonde, ela e o marido vieram me visitar! – virando-se para a comadre, fez as apresentações – Comadre esta é minha amiga Dinorah! Ela é uma pessoa muito legal, pena que é um pouco deprimida – a comadre não deixou a Helga continuar. Abraçou-me, falou um muito prazer apressado, deu dois beijinhos e emendou:
- Dinorah, o que é que você toma para depressão? – não deu tempo para resposta, ela pegou uma caixinha com um nome estranho – eu tomo este aqui, é muito bom, dá um pouco de arritmia, mas então, para passar a “tremura” tomo este outro, que me dá um pouco de sono, para não ter tanto sono, tomo este outro... – e assim a Comadre Blonde enfiava um remédio atrás do outro, aquilo parecia um trem sem fim. Notei que os olhinhos da Helga brilhavam a cada novo remédio, todos coloridos como se fossem jujubas.
- Comadre, – interrompeu a gorducha – este negócio de remédio já está ficando chato! – estaria a Helga com ciúmes? A comadre estava com um estoque onde só havia lançamentos e a concorrência estava ficando desleal, para deixá-la mais enciumada comentei:
- Helga, quanta novidade! Você com seu estoque de Cafiaspirina, Maravilha Curativa, Olina, Bromil, emplastro poroso Sabiá, está um pouco ultrapassa. – a Comadre deu uma gargalhada que pôs as da Helga no chinelo, até os vizinhos do outro quarteirão devem ter ouvido.
Mudaram o rumo da conversa. Começaram a trocar elogios.
- Helga como você era chique! Lembro de você desfilando na Sete. Você usava saltos imensos, cabelos escovados cheios de brilho e movimento, uns óculos de sol maravilhosos! – a gorducha ouvia aquilo e fazia um biquinho com a boca, revirava os olhinhos e dizia:
- Ora comadre, não era tanto assim... – fazia-se de rogada, como se não estivesse gostando, mas estava estufada de tão faceira. – Você é que era chique. Sempre cheia de jóias, relógios, pulseiras. Nossa comadre! Como você era dourada e brilhante! – agora era a vez da comadre dizer que a chique não era ela. Assim elas seguiam se elogiando. Quando uma parava de elogiar a outra cada qual se auto elogiava
Enquanto as duas se perdiam em elogios, saí de fininho, nenhuma notou e se notou, não chamou. Naquela hora, existiam só as duas no mundo, cercadas das lembranças que desentocavam da memória.
- Lembra do aniversário de 50 anos do Conde? Como você estava chique Helga!
- Eu não Comadre, você é que estava elegante e bronzeada, como sempre. Aliás, o colar que você estava usando era um arraso!
As duas carinhosamente recordavam um tempo que não se sabe que fim levou. Vez que outra indagavam se tudo aquilo realmente aconteceu? Teriam existido aquelas lembranças todas? Bem poderiam ser um sonho. Aquela conversa mais parecia um delírio causado por uma overdose de gargalhadas. Ou, o sonho seria aquele encontro?
Ai meu Deus! Onde estará o remédio para acordar?


(ps.: obrigada pela visita Comadre! Foi muito emocionante.)

domingo, 8 de maio de 2011

Obrigada!

Hoje senti saudades de um beijo de boa noite que cheirava a uma mistura de pasta de dente Colgate com cigarro Finesse.


O beijo de boa noite de minha mãe.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Orgasmo múltiplo de professora

Não gosto de filmes de guerra, escravos, prisão, tortura, holocausto, idade média e seus cavaleiros em luta. Enfim, não gosto de ver sofrimento, nem em filme, mas esta semana está sendo a minha redenção. Somente hoje, na Semana de Provas é que descobri que tenho um lado sádico.
Sabe aquela aluna que azucrinou aulas inteiras, debochando, brincando, gritando, pintando os canecos enquanto tudo que pedia era que prestasse atenção, que colaborasse na confecção das “Regrinhas de Convivência”? Pois chegou o dia de comê-la fria – a vingança! Visto meu uniforme invisível de Capitão Nascimento* e determino:
- Todos sentados em fila! - Nas cadeiras da frente coloco os mais medonhos. Misturo os grupinhos. Estabeleço a distância regulamentar. Peço silêncio. Alguns poucos ainda teimam em papagaiar, dou mais uma chamada firme:
– Silêncio! Vou distribuir as provas. – Inacreditável! Estou ouvindo minha própria voz! Pensei que jamais fosse viver este momento!
Vejo que alguns do bando da baderna estão preocupados. Viram a prova de um lado para outro, como se fritassem um hamburger. Coçam a cabeça, olham para o teto – estaria a resposta pendurada em alguma fluorescente? Bem baixinho, tão educado quanto um lord inglês, o chefe do bando me chama:
- Professora esta palavra está certa? Eu só conheço com esse – leio a palavra –

Dignifica.
- A palavra está certa!
- O que é isto?
- Não sei! Esqueci!
Em seguida é a vez da Princesa Dissimulada.
– Professora o que é benéfico?
- Não sei! Esqueci!
Não sento nem por um minuto. Caminho em meio às cadeiras. Paro bem devagarzinho nas costas de algum colador que, ao se virar para pedir cola ao colega, dá de cara comigo. Seguro a baba. Sinto um prazer que nem um orgasmo múltiplo me daria. Sou a danação em pele de gente. Estou realizada!Descobri meu lado sádico!


Pena que dure só uma semana. Na outra, serão duzentos e cinquenta e dois sádicos contra uma masoquista, por um bimestre inteiro, até a próxima “Semana de Provas”.
*confesso que não assisti ao filme, mas nas chamadas dava para ver que ele era durão.

domingo, 1 de maio de 2011

Leidiqueiti



Quando de sua última visita, Hilda trouxe um “gaínho” de roseira. Plantei, reguei, dei amor e carinho. Na última sexta feira desabrochou a primeira rosinha. Em virtude da data tão especial, batizei-a de “Leidiqueiti”.



Como a natureza é inteligente! Aquele mísero galhinho, fininho, com uns 10 cm de comprimento, está se transformando em uma roseira e já deu sua primeira flor que ofereço à uma pessoa que admiro muito, há muito tempo, como profissional, mulher e, sobretudo pela força, coragem e generosidade com que enfrenta e partilha a vida. É para a Andrea, autora do mais divertido e inteligente blog que conheço - o Banheiro Feminino - http://banheirofeminino.com.br/ - e do cativante A Viúva Verde - http://aviuvaverde.wordpress.com/.
Obrigada Andrea.