Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
A história de Dinorah você encontra em: DINORACOMAGANOFIM: Muito Prazer! Dinoracomagánofim.



Dinorah

Dinorah

domingo, 30 de janeiro de 2011

Agradecimento ao Fernando.


O Fernando Imaregna, além do blog Irmão das Estrelas - http://imaregna.blogspot.com/ possui um estoque imenso de generosidade. Publicou um texto - “Frustração” – aquele em que relato o sentimento de um assalto não consumado.


É a primeira vez que recebo tão alta condecoração. Estou num exibimento que só vendo. Feliz por ter um texto publicado em outro blog e, talvez, mais feliz ainda por saber que há pessoas com um coração tão lindo e generoso como o seu, Fernando.


Muito obrigada!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Helga, a professora de samba.

Lembrei que minha amiga Helga deveria estar meio deprê, como sempre fica depois da visita da irmã. Dei uma chegadinha na casa dela. Foi o Adolfo quem abriu a porta.
- Entre Dinorah, a Helga está lá nos fundos - e cochichando no meu ouvido prosseguiu – que bom que você veio, ela está meio triste, você sabe como ela fica depois que a Hilda vai embora.
Fui até o pátio e lá estava a gorducha sentada em uma rede, com os pés metidos em uma bacia com água.
- Vai fazer os pés Helga?
- Que nada! Estou com eles na salmoura. Passeei tanto com a Hilda que quase perco o couro da sola dos pés! - Disfarcei a vontade de rir. A Hilda é magrela e ágil. Caminha, caminha e está sempre disposta, já a gorducha é um tanto preguiçosa, gosta de caminhar, mas num passo estilo jabuti. – Sabe Dinorah, toda vez que a Hilda vai embora eu fico assim, meio triste, sem rumo. Penso em quando é que a verei novamente, enfim, dá saudades dos outros irmãos. – enquanto fala, com a cabeça baixa, olha para as ondinhas que faz com os pés na água
- Helga, você já viu como a cidade está movimentada com forró que vai acontecer na praia? – Comento sobre a festa para ver se melhoro o seu astral. Imediatamente ela reage, esboça uma ameaça de sorriso e responde.
- Ah! Que saudades do tempo em que eu dançava! Você sabia que já dei aulas de samba?
- Não, não sabia – respondo pasma, da onde que aquela criatura sabe sambar? Tem tanta jinga quanto um poste de concreto. Tento disfarçar a minha descrença, mas ela percebe me repreende.

- Dinorah, às vezes você me irrita! Sempre duvida do que lhe conto, mas é verdade. Sabe aquele tempo em que morei na Alemanha?
-É claro que sei Helga, você já me contou inúmeras histórias de sua fase rebordosa. Inclusive do tempo em que morou na Alemanha. - aproveito e dou nos dedos da exibida – Aliás, onde você morou um ano e por pouco não voltou muda. Não aprendeu a falar alemão e quase esqueceu o português!
- Isto não vem ao caso. Alemão é muito difícil mesmo, mas aprendi a gesticular em todas as línguas. Lembra da amiga grega que te contei? Passamos uma noite inteira fazendo fofoca dos companheiros de apartamento. Ela não falava o português, eu não falava grego, mas a gente se entendia perfeitamente. Conseguimos falar mal de todos! Bom, mas você sabe, eu me virava por lá cuidando de crianças, fazendo faxinas, inclusive em uma igreja, lembra? Foi aí que surgiu a oportunidade de dar aulas de samba. Foi a Rosário, uma paulista que morava por lá quem me convidou.
- Bolota, - era assim que a Rosário me chamava - você tem aquela fita K7 da Beth Carvalho? Conheço uns gringos que querem aprender a dançar samba e pensei que nós duas poderíamos ensinar. - Eu fui sincera, falei para Socorro que quando muito eu saberia dançar um vanerão, mas sambar? Ela me disse que eu não me preocupasse que era coisa simples e a gente poderia ganhar algum dinheiro.
- E daí? – perguntei – Vocês ganharam muito dinheiro com as aulas? - Olhando para os pés dentro da bacia com salmoura, com um jeito sem graça, Helga confessou:
- Pois é, - falou meio constrangida - na primeira aula foram uns dez alunos, mas era só uma demonstração, era grátis. Na aula seguinte não apareceu nem meio aluno. Sabe Dinorah, nunca consegui saber o porquê da falta de alunos. Fiquei muito triste, me senti como passista de escola de samba rebaixada para o grupo de acesso. Fazer o quê se as pessoas não sabem valorizar uma cultura exótica não é mesmo? Mas o esforço não foi em vão. Fiquei muito amiga do Herr Silva, um moreno bonito, lá do Sry Lanka, que havia comparecido a primeira, e única, aula. - A gorducha falou isto e dando uma de suas gargalhadas saltou de dentro da bacia de salmoura e, saracoteando como se estivesse recebendo um santo epilético – que imagino fosse sua jeitosa maneira de sambar - cantava

“...Chora! Não vou ligar Não vou ligar! Chegou a hora Vais me pagar Pode chorar Pode chorar...”

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Novidades.


Aqui pela Marambaia o que não faltam são novidades. Toda a manhã vejo aquelas duas figuras, Helga e Hilda passarem. Vão num passinho apressado, demonstrando urgência em chegar na praia onde bebem caipirinha, Underberg com coca zero e enchem o pandulho de tapioca. Enquanto isto o Adolfo come lingüiça, toma cerveja e dorme. – Aliás, pelo tanto de linguiça que a Hilda trouxe não sei como a cachorrada não veio correndo atrás dela.
A Hilda andou tendo uns ataques de saudades. Seu filho mais novo, mais uma vez, passou no milésimo vestibular, desta vez em primeiro lugar do curso que escolheu na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Daí que a Hilda queria antecipar o retorno para casa, mas tanto a Helga insistiu que ela acabou ficando mais um pouco. Helga, já contou para toda a Marambaia que tem um sobrinho que é gênio – Puxou a mim! – afirma a gorducha sem o menor constrangimento.

Enquanto isto, a outra irmã da Helga, a Maria da Glória, está com a família – marido e filha - passando férias na casa de outro sobrinho no Rio de Janeiro. Nestas alturas do campeonato, a “Família Feliz” já deve ter tirado fotografia até dependurada no sovaco do Cristo Redentor! - cá para nós, que ninguém me ouça, a tal da Maria da Glória é toda metida à chique, mas já vi esta criatura tomar cada porre! É quando ela canta, ri, dá umas gargalhadas até se desfazer em prantos. É assim toda vez que bebe. A estas alturas, já deve estar lá pelos arcos da Lapa, sambando, achando que é passista da Mangueira e o marido o Carlinhos de Jesus. – agora lembrei que a Maria da Glória foi para o Rio sem tirar os pontos de uma cirurgia de que fez na barriga – será que assim mesmo irá sambar?
Fico pensando como estará o pobre sobrinho e a esposa - a Helga, sempre se exibe dizendo que o sobrinho e a esposa são doutorados, pós-doutorados, enfim, finíssimos! - convivendo com a hiper expansiva “família feliz”?
Aliás, esta familia da Helga deve se dar bem. Vivem uns na casa dos outros, andam sempre com as malas cheias de comidas para cima e para baixo. Nunca vi como gostam de uma junção!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Helga e sua história de amor - Lado A.

(requentada - original publicada em junho de 2010)
Helga contava com bem mais de 40 anos.
Nunca foi uma beldade, mas em toda a sua vida, foi aos 40 que ficou mais vistosa.
Naquela altura do campeonato, ela já havia tentado de tudo para encontrar a alma gêmea, a paixão de sua vida.
Enfim, a razão para ter nascido:
Viver um grande amor!
Morava em apartamento próprio, tinha seu próprio carro, assava seu próprio churrasco.
Era uma profissional muito cobiçada no mercado.
Só não era cobiçada para ser namorada de ninguém.
Fez terapia.
Todas que se puder imaginar, fróidiana, iunguiana, raichiniana, transcendental, vidas passadas, regressão.
Sem contar que por muito tempo sustentou uma cartomante. Foi quando resolveu comprar um tarô e aprender a lançar a própria sorte, pois caso contrário teria que declarar falência em breve.
Freqüentava bons ambientes.
Academias de ginástica, clubes, restaurantes, centro de cultura, assistia todos os filmes. De Wim Wenders, a Mazaropi. Mas sinceramente, os filmes que mais gostou, e nunca disse, eram “Uma Linda Mulher” e “O vento levou”.
Morou quase um ano num mosteiro no Tibet, pra ver se largava dessa idéia ridícula que é uma mulher passar a vida atrás do grande amor.
Tentava praticar o desapego, a ser zen.
Apaixonou-se por homens mais velhos, mais moços, com cultura, sem cultura, com dente, sem dente, com cabelo, sem cabelo, gordos e magros.
Enfim, nunca discriminou partido.
Quem sabe não estaria ali o príncipe?
Já estava prestes a se apaixonar pelo apresentador do noticiário.
Afinal, todas as noites, ele lhe dizia um “Boa noite!” de um modo tão romântico, tão intimo e pessoal...
Quando já estava desistindo, resolveu que a última alternativa seria a Internet.
Muito temerosa, adentrou naquele mundo que até hoje não sabe bem onde fica, o virtual.
Sentiu medo, receio.
Tantos casos de psicopatas, loucos, assassinos, pedófilos. Bem, no caso não era o caso. Existiriam velhófilos?
O resumo da ópera?
Foi ali, no mundo virtual, que a cansada Helga encontrou sua alma gêmea!
Atualmente está feliz, vivendo há mais de dez anos com o amor da sua vida.
Ele não é um príncipe, o que é uma pena.
É um homem - e o bom é que não tem nada de virtual!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Dúvida existencial:

Escrito no para-choque de um carro aqui na Marambaia:




"Se correr a polícia pega, se parar o banco toma!"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Frustração.

Aconteceu numa manhã em que não acordei assim como diria, com o pé direito, fosse homem diria que havia amanhecido com “osovovirado”.

Fazia pouco tempo que havia sido assaltada e andava bem paranóica com a impressão de que seria assaltada a qualquer momento. Naquele dia não estava muito animada. No caminho até o trabalho, comecei a sentir uma irritaçãozinha, que aumentava e quando me dei conta estava com ódio, não me pergunte do quê ou de quem – odeio pensar que sou uma pessoa capaz de sentir ódio, mais um motivo para estar odiada. A expectativa de ter como pagar o cartão de crédito era tão real quanto a de arranjar um namorado, daqueles que andam de mãozinhas dadas, que dizem que somos especiais, o melhor que aconteceu em suas vidas.

Enfim, expectativa de dinheiro e de amores = ZERO. Vontade de sumir = MIL.

Foi quando avistei, vindo em minha direção, um rapaz com um jeito suspeito. Entrei em alerta. Ele ainda estava a uma distância razoável, tive tempo de planejar a minha auto defesa. Tirei a sombrinha da bolsa – a minha sempre andou cheia de qualquer coisa que “um dia” pudesse ser útil, só o laquê novinho já dava um bom peso. Planejei: No momento em que este imbecil chegar à minha frente eu bato com a sobrinha na cara dele, dou um pontapé no saco, deixo ele caidinho no chão, bato muito com a bolsa - com o laquê dentro, lembra? Chuto mais uma vez o saco. Grito! Grito muito: - Filho da puta! Sem vergonha! Infeliz!

O rapaz se aproximava e eu me sentia como se, sozinha, fosse uma tribo inteira daqueles índios que surgem de surpresa, aos milhares, por detrás de uma colina, prontos para atacar o General Custer. E o rapaz estava mais perto, e a sombrinha já estava na mão certa, e a alça da bolsa enrolada na outra mão. Eu já estava quase babando de ódio e prazer imaginando que teria em quem desancar toda a minha insatisfação, minha ira. O rapaz chegou perto, mais um pouquinho e estaria no ponto para receber a primeira bordoada.
Infelizmente, não sei por que, ele passou reto, sequer me olhou, como se eu não existisse. Aquilo me deixou ainda mais irritada.

Guri dos infernos!
Nem pra assaltar e tomar uma boa sova serve! Tudo o que eu queria naquele instante era gritar e bater muito no primeiro infeliz que cruzasse o meu caminho. Aquele não assalto conseguiu me deixar ainda mais irritada. Fiquei tão frustrada que chorava de decepção – e ódio.
...não consigo lembrar se estava com TPM.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Sortidas.

Hoje resolvi fazer uma faxina no visual. A coisa não estava preta, estava branca – mais ou menos uns dois dedos de raiz do cabelo aparecendo e o comprimento já dava o direito de ser chamada de “irmã”. Meu hair stylist, maravilhoso – ele é o luxo da Marambaia – surgiu no portão, sim ele atende em domicilio, de camisa de linho branco, calça pescador também branca, com bainha italiana, sandália de couro cru, chapéu panamá. Com toda elegância, me contou esta:

A bichinha, está subindo a escadaria da Igreja de Nossa Senhora da Penha, quando vem rolando, lá de cima, uma velhinha. A bichinha não faz nada, apenas se afasta da rota da velha e a deixa rolar escada abaixo. O povo indignado, pergunta:
- Por que você não segurou a velhinha?
- Eu sei lá! Vai que era uma promessa?

.............

Em compensação, a manicure me fez o seguinte elogio:

- Como eu lhe admiro! Na sua idade a senhora ainda faz o pé e a mão. A senhora deve agradecer a Deus todos os dias. Tem gente da sua época, - acho que a intenção era dizer era, de era mesozóica, era glacial - que já nem está mais aqui, e se está, está em uma cadeira de rodas.

Tadinha! Está bem que eu sou do século passado, do milênio passado, mas não precisava elogiar tanto. Depois disso pensei se não seria melhor trocar meu guarda roupa por metros e metros de faixas de gaze.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A fita - medida - do Bonfim.

A fita original foi criada em 1809, tendo desaparecido no início da década de 1950.. Conhecida como medida do Bonfim, o seu nome devia-se ao fato de que media exatos 47 centímetros de comprimento, a medida do braço direito da estátua de Jesus Cristo, Senhor do Bonfim, postada no altar-mor da igreja mais famosa da Bahia. A imagem foi esculpida em Setúbal, em Portugal, no século XVIII. A "medida" era confeccionada em seda, com o desenho e o nome do santo bordados à mão e o acabamento feito em tinta dourada ou prateada. Era usada no pescoço como um colar, no qual se penduravam medalhas e santinhos, funcionando como uma moeda de troca: ao pagar uma promessa, o fiel carregava uma foto ou uma pequena escultura de cera representando a parte do corpo curada com o auxílio do santo. Como lembrança, adquiria uma dessas fitas, simbolizando a própria igreja.
Não se sabe quando a transição para a atual fita, de pulso, ocorreu, sendo fato que em meados da década de 1960 a nova fita já era comercializada nas ruas de Salvador, quando foi adotada pelos hipies baianos como parte de sua indumentária. Cada cor simboliza um Orixá.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fita_do_Bonfim

Senhor do Bonfim! Oxalá!


A Festa do Bonfim é uma celebração religiosa que tem lugar em Salvador, Bahia. Acontece no segundo domingo depois do Dia de Reis (6 de janeiro), com novenário solene e exposição do Santíssimo Sacramento pelo capelão da Igreja do Bonfim.
A Festa não deve ser confundida com a tradicional Lavagem do Bonfim, de caráter afro-religioso (embora atualmente se revista mais um perfil ecumênico), a qual ocorre na quinta feira, que a antecede, com grande participação do povo, carroças enfeitadas puxadas por animais e as tradicionais baianas com seus vasos com água perfumada, mais conhecida como água de cheiro.
É fato que a Lavagem do Bonfim é mais popular que a Festa do Bonfim, que ocorre no domingo que se segue, tanto que muitas vezes a Lavagem é erronemente denominada Festa do Bonfim.
Teodósio Rodrigues de Farias, oficial da ArmadaPortuguesa, trouxe de Lisboa uma imagem do Cristo, que, em 1754, foi conduzida com grande acompanhamento para a Igreja da Penha, em Itapagipe.

Em julho de 1754, a imagem foi transferida em procissão para a sua própria igreja, na Colina Sagrada, onde a atribuição de poderes milagrosos tornou o Senhor do Bonfim objeto de devoção popular e centro de peregrinação mística e sincrética. Foram, então, introduzidos motivos profanos e supersticiosos no culto.

A lavagem festiva acontece com a saída, pela manhã da quinta-feira, do tradicional cortejo de baianas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, o qual segue a pé até o alto do Bonfim, para lavar com vassouras e água de cheiro as escadarias e o átrio da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim..
Todos se vestem de branco, a cor do orixá Oxalá, e percorrem 8 km em procissão, desde o largo da Conceição até o largo do Bonfim. O ponto alto da festa ocorre quando as escadarias da igreja são lavadas por cerca de 200 baianas vestidas a caráter que, de suas quartinhas - vasos que trazem aos ombros - despejam água nas escadarias e no átrio da igreja, ao som de palmas, toque de atabaques e cânticos de origem africana. Terminada a parte religiosa, a festa continua no largo do Bonfim, com batucadas, danças e barracas debebidas e comidas típicas..
O cortejo reúne anualmente milhares de fiéis em busca da proteção das águas perfumadas para limpeza do corpo e da alma.
Essa festa é muito importante para os baianos, pois mostra a fé que eles tem no Senhor do Bonfim.
A lavagem festiva tem a participação de seguidores do catolicismo, umbanda e candonblé, já que o Senhor do Bonfim de acordo com o sincretismo religiooso na Bahia corresponde a Oxalá.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Helga e o poder!

Ontem passei na casa da Helga. Estava usando um avental com a faixa da presidência da república estampada de “revertréz”. Não aguentei e soltei uma gargalhada, ao que ela me respondeu, contendo o riso, tentando guardar uma seriedade inexistente.
- Dinorah, você ainda não viu nada! Vá até a cozinha.
- Helga! O que faz este enorme retrato, da presidente Dilma, na parede de sua cozinha?! – reparei que abaixo do retrato havia um cartaz:

Ministérios:

- Ministério do Forno e fogão – Ministro Adolfo
- Ministério do Tanque e Roupa Suja – Ministro Adolfo
- Ministério da Faxina – Ministro Adolfo
- Ministério da Fazenda, Praia e Festas – Presidente / Ministra Helga
- Dinorah, ou faço uma reforma social e política nesta casa agora, que a presidente do Brasil é uma mulher, ou vou passar o resto da vida achando que ainda estou vivendo no tempo de Império, mais precisamente na senzala.
- Helga, - sussurrei baixinho, segurando o riso – você parece meio maluca! Por quanto tempo vai levar esta loucurada de ter o Adolfo como “ministro”?
Ela deu uma de suas gargalhadas e, me chamando para um cantinho cochichou:
- Você sabe, este negócio de ministério é uma confusão, sabe-se lá quanto tempo dura um ministro. Assim, enquanto o Adolfo não se rebela, troque de partido e saia me malhando na imprensa ou, meta a mão na minha carteira, – você sabe, a corrupção anda solta em qualquer escalão. Então, até que surja o primeiro escândalo, eu vou aproveitando a mordomia.
- E depois? Se você perder a presidência ficará sem poder!
- Não se preocupe querida! – exclamou, com um jeito de quem não está nenhum pouco preocupada - Eu volto a assumir o meu posto de “rainha do lar” como fiz a vida inteira. – dá uma gargalhada muito marota e, se fazendo de sonsa, completa – Você sabe que tenho os meus poderes! E olhe que não são só três! – parou de rir, pensou um pouco e, fazendo uma expressão de quem descobriu a América, declarou: - Sabe de uma coisa Dinorah? Para garantir o poder, além da faixa de presidente, vou tratar de comprar uma imensa trança loira!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Helga e o coquetel.

- Dinorah, você sabe que sou muito querida. Acho que fui convidada para todas as festas de fim de ano. Outro dia, eu e o Adolfo fomos convidados para um coquetel – ela é sempre exibida e não faz a mínima questão de ser sutil, fala tudo isto como se fosse grande coisa, se dá uma importância tremenda – não foi o dos mais chiques que compareci, mas de qualquer forma foi bem interessante.

- Interessante por quê? Afinal, coquetéis não são muito diferentes uns dos outros.

- Ah! Mas este foi! – respira fundo, toma bastante fôlego e continua – você não imagina a quantidade de gordas com vestidos “tomara que caia”, pelo jeito, deve ser a última moda. Você sabe que não gosto de falar mal das pessoas, mas tinha tanta gorda com o tal modelo, “tomara que caia”, bem curtinho, lembrei muito daquelas mortadelas enormes. Pois é, elas pareciam àquelas mortadelas envoltas em uma tarja preta. Sim, por que estavam todas de preto. Não sei por que gorda tem mania de usar preto. Têm a ilusão de que emagrece, mas não é verdade. Gorda é gorda. Resta escolher entre ser uma gorda a cores ou uma gorda em preto e branco. – nestas horas é que imagino que ela não deve ter espelho em casa. Quem é ela para falar de gorda? – Dinorah, era peito saindo por cima, uns coxões saindo por baixo e, tome puxar vestido para cima e daí faltava embaixo, ajeitava embaixo sobrava peito em cima, deus do céu que desconforto!

- Helga, deixa as gordinhas vestirem o que gostam, deviam estar se achando lindas. – ela não poupa ninguém.

- Mas o pior ainda nem lhe contei. A decoração era toda com frutas, foi um tal de avançar nos canapés, que não eram muitos, diga-se de passagem. Mas me apavorei mesmo foi quando vi uma das gordas de tarja preta, colocando três bananas debaixo do braço, enquanto descascava e comia outra banana da decoração. Fazia pose, se achando o máximo. Enquanto isto, uma Eva – tarja preta também - fugida de algum paraíso, enfiava três maçãs na bolsa. Fiquei tão chocada com a cena que convidei o Adolfo para ir embora, você sabe que detesto gente sem classe. Saí do prédio, caminhei até a esquina e tirei os sapatos, não aguentava mais de dor nos joanetes. – a gorducha é um estrupício.

- Helga! Você critica quem come a decoração da festa, mas você tira os sapatos em plena rua!

- Ah! Dinorah! Se até a Cinderela já andou de pé no chão, por que eu não poderia? E você não vai querer comparar a Cinderela com aquelas macacas Chitas comedoras de decoração!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

Não é meu costume publicar email recebido, mas este me comoveu e por questão de justiça, resolvi postá-lo.


"Troque um parlamentar por 344 professores
REPASSO COM TRISTEZA, mas com a convicção de que temos que acordar com urgência. Participe desta campanha , no mínimo em apoio a esta corajosa Professora.
Ingrid
"No futebol, o Brasil ficou entre os 8 melhores do mundo e todos estão tristes.
Na educação é o 85º e ninguém reclama..."

EU APOIO ESTA TROCA

TROQUE 01 PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

O salário de 344 professores que ensinam = ao de 1 parlamentar que rouba

Essa é uma campanha que vale a pena!

Repasso com solidária revolta!

Prezado amigo!

Sou professor de Física, de ensino médio de uma escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: R$650,00

Eu fico com vergonha até de dizer, mas meu salário é R$650,00. Isso mesmo! E olha que eu ganho mais que outros colegas de profissão que não possuem um curso superior como eu e recebem minguados R$440,00. Será que alguém acha que, com um salário assim, a rede de ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar? Não querendo generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, atualmente a regra é essa: O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de conta que aprende, o Governo faz de conta que paga e a escola aprova o aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade! Sinceramente, eu leciono porque sou um idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social. Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro!
Descobri que um parlamentar brasileiro custa para o país R$10,2 milhões por ano... São os parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$11.545.
Na Itália, são gastos com parlamentares R$3,9 milhões, na França, pouco mais de R$2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$850 mil e na vizinha Argentina R$1,3 milhões.

Trocando em miúdos, um parlamentar custa ao país, por baixo, 688 professores com curso superior !

Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema será:

'TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES'.

Repassar esta mensagem é uma obrigação, é sinal de patriotismo, pois a vergonha que atualmente impera em nossa política está desmotivando o nosso povo e arruinando o nosso querido Brasil.
É o mínimo que nós, patriotas, podemos fazer. "

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

As expressões de Helga.



- Huhu! Dinorah! - Adivinha se não era a Helga, na sorveteria da orla, tomando uma imensa banana split? – bem diz um amigo meu “atrás de um sorvete sempre tem um gordo” - senta aqui, toma um sorvete comigo que estou precisando conversar. .

- O que foi que aconteceu? – ela não parecia tão eufórica como normalmente.

- Estou um pouco chateada com o Adolfo. Ultimamente ele deu para me criticar. - imagine o que a gorducha andou aprontando para o molóide do Adolfo reclamar.

- O que foi que aconteceu Helga? O Adolfo nunca reclama de suas loucuras.

- Ontem, fomos até a lotérica fazer a mega sena. Falei para o rapazinho que faz os jogos: - Moço, por favor, faça estes dois jogos que estão marcados no cartão e, me dê uma no escuro. – Pronto! Foi o que bastou para o Adolfo esticar o beiço. Na saída perguntei por que ele estava beiçudo e ele me disse que não entendia como uma mulher tão cheia de classe como eu podia pedir para o rapaz da loteria “me dar uma no escuro” – falou que isto era uma vergonha, o que é que o rapaz iria pensar – que eu queria dar “uma” no escuro, que este tipo de jogo se chama surpresinha.

- Helga, você é tão avoada, não pensa antes de falar?

- Dinorah, não me venha com sermão. O Adolfo está implicando com tudo o que eu digo. No Natal fiz um pavê enorme, o Adolfo não é muito de doce, se eu ficasse com toda aquela travessa de sobremesa iria comer sozinha, o que poderia me trazer uns quilinhos a mais. Então, quando voltávamos da lotérica, encontrei o marido da vizinha e falei sobre o doce, que o Adolfo não come, eu estava dando para os vizinhos. Foi o que bastou. Quando olhei para o lado, lá estava o Adolfo atrás de um beição, e veio mais uma bronca - Helga! Como é que você pode dizer que: “estou dando para os vizinhos por que o Adolfo não come?” - Não bastasse me jogou na cara que, outro dia, na praia, eu falei para o vendedor de coco que eu gostava muito dos cocos dele – “Seus cocos maravilhosos! São os mais gostosos da praia!” - Sabe Dinorah, - ela falava com um jeito de quem estava muito magoada, enquanto enfiava uma colherada de sorvete na boca - a gente não pode ser gentil, não pode dar uma sobremesa para um vizinho, não pode elogiar ninguém. Tudo é pecado. Por isto hoje vou encher a cara de sorvete! Se engordar, bem feito pra o Adolfo! Ele merece mesmo uma mulher bem gorda e bem grossa!

Lambendo os dois lados da colher de sorvete, grita para o garçom:

- Moço! Quero mais uma! Sua banana é uma delícia!

sábado, 1 de janeiro de 2011

Helga e o Reveillon de 2011.



- Dinorah, perto da meia noite a gente se encontra na beira da praia!
Ela já havia me azucrinado com suas mandingas de ano novo, dizendo que deveria usar branco e amarelo, bijuterias douradas, folhas de louro, grãos de lentilhas, fita amarela no braço, e mais um monte de simpatias. Próximo a meia noite eu e o Alberico chegamos ao local combinado. Era gente no mundo! Com todo aquele povo seria impossível encontrar minha amiga.
Impossível? Não! Impossível seria não encontrá-la!

A gorducha estava com uma imensa saia branca, muito rodada, e uma blusa amarelo-banco-do-brasil. Usava muitos colares dourados e um imenso girassol no cabelo vermelho. Gritava “agora cheguei lá 2011”. Na mão uma garrafa de champanhe que ela bebia no bico e pela animação imaginei e, em seguida, confirmei - a garrafa já estava no fim, e ela no maior porre.

- Feliz ano novo Dinorah! - Aos pulinhos veio me dar um abraço – Dinorah, como você é sem graça. Esta roupinha branca, só com uma fitinha amarela no pulso. Assim Oxum não vai atender seus pedidos. – Enquanto falava, retirava a metade dos colares do seu pescoço e colocava-os em mim - Olhe só como eu estou. Não estou bonita? – pensei em falar que ela se parecia com um ovo frito, uma bata amarela e uma imensa saia branca rodada. Com aquela montoeira de colares dourados parecia um ovo frito cigano. Ela não me deixou responder, alcançou o champanhe para eu tomar um gole – Bebe! Bebe que nós trouxemos um isopor com mais de meia dúzias destas! É coisa boa, o Adolfo ganhou uma caixa do chefe dele.

Bebemos champanhe a noite inteira. Amanhecemos na beira da praia, todos no maior porre. Tentávamos voltar para casa, mas a Helga ainda cantava, insistindo em eternizar o espírito do ano novo. Mas assim como as pernas cambaleavam, as palavras também embolavam em sua boca. Ela dava suas gargalhadas e se jogava na areia. Virou uma mistura de areia com a água do mar – sim, ela pulou as sete ondas – de dentro do sutiã, no meio dos peitos, saltavam ramos de arruda, folhas de louro, grãos de lentilha, sementes de romã. Da flor de seu cabelo, restava apenas um arame, com um miolo espetado, do que horas atrás havia sido um girassol.

Foi quando o Adolfo, também no maior porre, soltou a língua:

- A meia noite a Helga parecia um ovo frito, agora, parece uma farofa de ovo!

Helga, bêbada, deu uma gargalhada, correu e se jogou nos braços do seu Adolfo, derrubando-o na areia. Abraçada a ele, em altos brados, sentenciou:

- Meu amor! Se prepare, pois este ano você vai ter que se fartar de tanto comer desta farofa! – deu-lhe um beijo na boca, e rindo, cantava:

...”para os casados nenhum uma briga, paz e sossego na vida”...