Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
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Dinorah

Dinorah

sábado, 24 de setembro de 2011

Oi!

Desculpem o sumiço – olha só quanta importância estou me dando, quem será que quer explicações sobre o meu sumiço? Bem, mesmo assim vou explicar:



Estou fazendo faculdade de Pedagogia. Tirei o primeiro lugar no vestibular! – tá bem, tá bem, a faculdade não é nenhuma federal, estadual ou coisa assim do gênero, concorridíssima. É uma faculdade, aqui na Marambaia mesmo, destas que a gente tem aula um fim de semana por mês, mas não interessa, eram mais de 50 candidatos e a véia aqui, pela primeira vez na vida, aos 57 anos, tirou o primeiro lugar em alguma coisa – o mais próximo desta classificação se deu antes do meu primeiro ano de idade, quando minha mãe me inscreveu num “Concurso de Robustez Infantil” e logrei um mísero 3º lugar - quando me olho no espelho sinto dó de quem tirou o 1º, penso com quantos quilos estará a criatura?



Tenho estudado uma porção de coisas de psicologia – talvez pudesse ser dispensada desta cadeira se apresentasse uma declaração de cada psiquiatra, psicólogo, terapeuta etc. etc. que freqüentei. Foram anos de buscas...



Além da faculdade me ocupo com a preparação das aulas. Mas o que eu gosto mesmo é de conviver com os alunos. Tenho aprendido muito com eles.



É fantástico ver o comportamento do ser humano, isoladamente ou em grupo. Pequenos ainda, se pode constatar, através de suas atitudes, suas necessidades, carências, angustias. E, como alguns são generosos, independente do quanto à vida lhes é difícil – acredito que nem saibam que suas vidas sejam difíceis – tenho um aluninho de 11 anos que acorda às 4 horas da manhã. Ele, com um irmão de 13 anos e uma tia de 15, caminham por uma hora, no meio do mato. Usam um lampião para iluminar o caminho, pois ainda está escuro. Pegam um barco e viajam, por mais uma hora, descendo o rio até chegar na escola. Quase todas as meninas de 11 anos cozinham, cuidam de irmão pequeno, arrumam a casa. E, pasmem, são crianças felizes, prestativas, de bem com a vida. Ficam felizes, um “caramelo” – como chamam aqui, eu chamo de bala mesmo. Mas, o que mais gostam é de uma boa conversa. Gostam de contar o que cozinham, como cuidam dos irmãos. Sabem fazer flores, pássaros, peixes com palha de coco, esculturas de madeira, reciclagem. Gostam de pescar, jogar bola, empinar pipa.



Tenho feito muitas descobertas, algumas muito bonitas, outras nem tanto.



Bem, estas descobertas tem tomado bastante tempo e energia, razão do sumiço.