Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
A história de Dinorah você encontra em: DINORACOMAGANOFIM: Muito Prazer! Dinoracomagánofim.



Dinorah

Dinorah

sábado, 29 de janeiro de 2011

Helga, a professora de samba.

Lembrei que minha amiga Helga deveria estar meio deprê, como sempre fica depois da visita da irmã. Dei uma chegadinha na casa dela. Foi o Adolfo quem abriu a porta.
- Entre Dinorah, a Helga está lá nos fundos - e cochichando no meu ouvido prosseguiu – que bom que você veio, ela está meio triste, você sabe como ela fica depois que a Hilda vai embora.
Fui até o pátio e lá estava a gorducha sentada em uma rede, com os pés metidos em uma bacia com água.
- Vai fazer os pés Helga?
- Que nada! Estou com eles na salmoura. Passeei tanto com a Hilda que quase perco o couro da sola dos pés! - Disfarcei a vontade de rir. A Hilda é magrela e ágil. Caminha, caminha e está sempre disposta, já a gorducha é um tanto preguiçosa, gosta de caminhar, mas num passo estilo jabuti. – Sabe Dinorah, toda vez que a Hilda vai embora eu fico assim, meio triste, sem rumo. Penso em quando é que a verei novamente, enfim, dá saudades dos outros irmãos. – enquanto fala, com a cabeça baixa, olha para as ondinhas que faz com os pés na água
- Helga, você já viu como a cidade está movimentada com forró que vai acontecer na praia? – Comento sobre a festa para ver se melhoro o seu astral. Imediatamente ela reage, esboça uma ameaça de sorriso e responde.
- Ah! Que saudades do tempo em que eu dançava! Você sabia que já dei aulas de samba?
- Não, não sabia – respondo pasma, da onde que aquela criatura sabe sambar? Tem tanta jinga quanto um poste de concreto. Tento disfarçar a minha descrença, mas ela percebe me repreende.

- Dinorah, às vezes você me irrita! Sempre duvida do que lhe conto, mas é verdade. Sabe aquele tempo em que morei na Alemanha?
-É claro que sei Helga, você já me contou inúmeras histórias de sua fase rebordosa. Inclusive do tempo em que morou na Alemanha. - aproveito e dou nos dedos da exibida – Aliás, onde você morou um ano e por pouco não voltou muda. Não aprendeu a falar alemão e quase esqueceu o português!
- Isto não vem ao caso. Alemão é muito difícil mesmo, mas aprendi a gesticular em todas as línguas. Lembra da amiga grega que te contei? Passamos uma noite inteira fazendo fofoca dos companheiros de apartamento. Ela não falava o português, eu não falava grego, mas a gente se entendia perfeitamente. Conseguimos falar mal de todos! Bom, mas você sabe, eu me virava por lá cuidando de crianças, fazendo faxinas, inclusive em uma igreja, lembra? Foi aí que surgiu a oportunidade de dar aulas de samba. Foi a Rosário, uma paulista que morava por lá quem me convidou.
- Bolota, - era assim que a Rosário me chamava - você tem aquela fita K7 da Beth Carvalho? Conheço uns gringos que querem aprender a dançar samba e pensei que nós duas poderíamos ensinar. - Eu fui sincera, falei para Socorro que quando muito eu saberia dançar um vanerão, mas sambar? Ela me disse que eu não me preocupasse que era coisa simples e a gente poderia ganhar algum dinheiro.
- E daí? – perguntei – Vocês ganharam muito dinheiro com as aulas? - Olhando para os pés dentro da bacia com salmoura, com um jeito sem graça, Helga confessou:
- Pois é, - falou meio constrangida - na primeira aula foram uns dez alunos, mas era só uma demonstração, era grátis. Na aula seguinte não apareceu nem meio aluno. Sabe Dinorah, nunca consegui saber o porquê da falta de alunos. Fiquei muito triste, me senti como passista de escola de samba rebaixada para o grupo de acesso. Fazer o quê se as pessoas não sabem valorizar uma cultura exótica não é mesmo? Mas o esforço não foi em vão. Fiquei muito amiga do Herr Silva, um moreno bonito, lá do Sry Lanka, que havia comparecido a primeira, e única, aula. - A gorducha falou isto e dando uma de suas gargalhadas saltou de dentro da bacia de salmoura e, saracoteando como se estivesse recebendo um santo epilético – que imagino fosse sua jeitosa maneira de sambar - cantava

“...Chora! Não vou ligar Não vou ligar! Chegou a hora Vais me pagar Pode chorar Pode chorar...”

6 comentários:

  1. Adoro a Helga...tão sacudida! Aula de samba!
    Ahahahahahahahaha!

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  2. Oi Dinorah

    Bom te ver lá no cantinho...Pois é menina, fiquei feliz por demais quase de madrugada com o carinho da "portuguesinha" Márcinha...hehehe

    Foi assim...tipo, de sopetão...não esperava...ela pediu o meu e-mail, em seguida postou que tinha enviado algo pra mim...abri e....caráca...muito lindo...

    Então...tenha um bom sábado...hj tô na correria nem devo postar nada...mas amanhã tô firme...

    Ei...ri de me acabar novamente com a Helga...sambista ela é ??? hahahahahahaha imagino a cena, baciazinha de salmoura, coração apertadinho sem saber pq faltaram os alunos...hahaha

    Show !
    Beijos carinhosos....lindo sábado para ti...

    ps. se autorizar, como alguns, coloco textos no meu cantinho...hum rum...

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  3. hahahahahaha
    e aeee dona dinorah sua irmã Hilda foi embora ?!
    sei sei que quem estava com visitas era a sra.aí viu !
    beijos muitos

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  4. Bom dia Dinorah...
    Pois então, espero que vire mesmo, pq por enquanto tá uma coisa horrorosa, e a cabeça ainda pulsa...hehehehe

    Obrigado pelo carinho em todos os comentários...
    Qdo a "quentura" talvez consiga postar algo mais...hum rum...

    Um lindo dia para ti e para Helga ..
    ps. será que os pés dela melhoraram ??? hehehe

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  5. Oi novamente amiga...

    Espero que não se incomode, mas "furtei" um texto seu para colocar lá no meu espaço, pq precisava rir um tantinho e vc tem essa capacidade...
    Hehehehehe

    Bjos !

    ps. valha-me DEUS ...TPM, tô fora...hahahahaha

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  6. "Tem tanta jinga quanto um poste de concreto." Hahahaha Nisso eu e Helga combinamos!

    E a propósito, AMO ESSA MÚSICA!

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