Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
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Dinorah

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Helga e as garoupas.


Cedo da manhã encontrei com Helga. Ela estava alegre, saltitava batendo os joanetes um no outro, assim como o Carlitos fazia com os calcanhares - a Helga que não me ouça, mas os joanetes dela parecem duas alegorias do Joãozinho Trinta. Bem feito, quem mandou passar a vida com os pés enfiados em bico fino e salto 10? Eu nem toco no assunto dos joanetes, terei que ouvir pela milésima vez que ela não entende como é que aquela mocinha tão bonitinha, a Rosana Jatobá, pode prever o tempo, se ela nem tem joanetes para doer quando vai chover?
- E daí Helga como é que vai a vida?
- Eu vou bem, na mão de Deus e na boca do povo! – fala isto e solta uma gargalhada estrondosa, aquelas que seu pai sempre criticou, na infrutífera tentativa de educar-lhe. Seu pai dizia que não ficava bem uma moça dar estas “gaitadas de galpão”, mas parece que ela se especializou neste tipo de risada - nem te conto: recebi o “décimo”, estou com a carteira cheia de garoupas, todas azuizinhas, a coisa mais lindinha! Você sabe, para mim não tem este negócio de tomar remédio para depressão. Nada de prozac, zoloft, eufor, para depressão, bom mesmo é um cardume de garoupas. Não tem depressão que me pegue.
- Helga, você... – é inútil tentar falar, ela não ouve nada, só fala
- Sabe Dinorah, ando com vontade de comprar um computador, um bem pequeninho, só para fazer palavras cruzadas, o moço da loja me disse que não existe um só para palavras cruzadas. Eu não quero um computador que faça um monte de coisas que eu nem sei fazer. Pra quê? Eu só gosto de fazer palavras cruzadas, é bom – ou será mau? – para o Alzheimer. Ele, o moço da loja, quer me vender um cheio de outras coisas só por que é mais caro, para ganhar uma comissão maior.
A gorducha é exibida! O sonho dela é ter uma poupança igual a da irmã Hilda, mas ela é meio estrabulega, não é chegada em poupar, basta ter uns trocos que já quer jantar fora – como gosta de jantar fora!
Ela fala, fala, e eu só fico pensando, como é que um ser humano destes se criou?
Outro dia, parecia um cardeal, aquele passarinho que tem a crista vermelha. Cortou os cabelos e tacou um vermelho-incêndio e estava se achando a coisa mais linda. Ela anda impossível, e o pobre do Adolfo que ature a velha caduca.
- Tchau Dinorah, vou retocar a raiz (dos cabelos)hoje à noite vou jantar fora com o Adolfo!

E lá se vai a primeira garoupa...



Um comentário:

  1. Helga é ótima, adoro quando as histórias envolvem ela. Olha Helga tem muita razão, garoupas não deixa a depressão se aproximar! Mas acho que a alegria de viver dela é o que mais espanta as nuvens negras do que mesmo as belas garoupas.

    (Tô aqui olhando para os meus pobres joanetes Hahaha Já são da família)

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