Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
A história de Dinorah você encontra em: DINORACOMAGANOFIM: Muito Prazer! Dinoracomagánofim.



Dinorah

Dinorah

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A faxina de Helga.

- Hu Hu! Dinorah? Você está aí? Abra depressa o portão. Estou apertada!
Deus do céu! A gorducha é escandalosa mesmo! Toda a vizinhança tem que saber que está louca pra fazer xixi. Corro para abrir o portão. A criatura passa apressada para o banheiro – o Alberico está em casa? - Respondo que não – então nem vou fechar a porta!
- Vou fazer um café pra nós duas, já vi que a sacola da padaria está bem grande hoje!
- Pois é Dinorah, acho que descobri por que estou gorda.
- Por que, minha linda? O ar que você respira é muito calórico ou é a água?
- Nada disto! É por que sou muito boa.
- E desde quando bondade engorda Helga?
- É que não posso ver o menino das empadinhas que compro, morro de peninha do coitadinho. Depois vem o rapazinho do sonho, tem o outro que vende quebra-queixo...
Ela sempre arranja uma maneira habilidosa de escapar de algum comentário sobre o seu peso. Antes que eu fale qualquer coisa, ela já está na defensiva e, ainda, se faz de coitada. Sirvo o café e ela retira um saco de biscoitinhos de polvilho e vai “tungando” os biscoitos no café. Com um imenso sorriso comenta o quanto gosta disto, - faço isto desde criança! - Fala num orgulho como se fosse o Nobel do bom gosto e boas maneiras.
- Helga, outro dia você falou que fez faxina em uma Igreja, no tempo em que morou na Alemanha. Você nunca me contou sobre isto.
- Ah! Dinorah! O que é que você quer relembrando coisas de mil anos atrás? Já nem sei mais se aquilo tudo aconteceu ou se li em um livro.
- Mas é verdade mesmo? Você fazia faxina em uma igreja?
- Fazia, fazia – responde sem muita paciência – não era bem em toda a igreja que, aliás, era meio sem graça, era uma igreja luterana, daí que não tinha santos e estas coisaradas de altar católico barroco. A faxina mesmo era no escritório do pastor. Minha amiga Rosário é quem detinha o título de faxineira oficial, eu só fazia faxina sozinha quando ela viajava – você sabe, nunca dominei a língua alemã – ora “dominei’, - esta Helga sabe se valorizar penso comigo mesmo. Ela se anima e vai falando. – A primeira vez, a minha amiga me levou junto e me apresentou ao pastor e lhe disse que, como ela não poderia vir no próximo sábado, eu viria no lugar dela, também explicou que eu não falava chongas de alemão – é claro que ela não disse “chongas” para o pastor não é Dinorah, Rosário era educada – dá uma risada e completa – não muito.
O pastor nos entregou as chaves e fomos para o tal escritório. Uma peça de tamanho normal, umas quatro escrivaninhas, todas limpíssimas, móveis antigos de madeira lustrosa. Dinorah, para te encurtar, acho que ali não precisava limpar nada, era só recolher os papéis das lixeiras, passar um pano nos móveis e dar uma varridinha, coisa de meia hora, mas a Rosário me disse que deveríamos levar duas horas. Para cada uma ganhar 10 marcos. Se fôssemos muito rápidas, nosso trabalho não seria valorizado e ganharíamos muito pouco. Perguntei para ela o que faríamos em duas horas? Não havia o que limpar.
- Poxa Bolota, você é um saco! O negócio é o seguinte: a gente liga o aspirador de pó e o deixa parado em um canto, enquanto isto a gente come uns biscoitinhos que uma frau sempre tem aqui na gaveta. Mas não podemos comer muitos. Ela pode ter contado os biscoitos.
- Então Dinorah, nós nos sentávamos em cima de uma das escrivaninhas, comíamos biscoitos, conversávamos e ríamos. Até que a minha amiga dizia:
- Bolota, este aspirador de pó está muito tempo em um só lugar, desliga e liga lá no outro canto. O pastor mora aqui em cima e vai achar que a gente só limpa o mesmo canto.
- Assim, íamos trocando o aspirador de um lado para outro. Passada as duas horas, guardávamos o material e entregávamos as chaves ao pastor, que já abria a porta com os vinte marcos na mão. Agradecíamos tão educadas quanto duas freirinhas de caridade. Saímos discretamente até chegar à esquina onde dávamos pulinhos de faceiras e corríamos até uma cantina italiana, onde trabalhavam uns garçons muito gentis, apaixonados pelo “Falcão, o rei de Roma!” - e só por isto, ganhávamos um bom desconto, por que éramos brasileiras. Comíamos pizza marguerita, tomávamos vinho. Total da conta com o desconto: Vinte marcos. Entregávamos o dinherio que acabara de sair da mão do pastor e saímos felizes. A Rosário sempre dizia:
- Bolota, a gente se dana com este frio e esta neve até os joelhos, mas é muito bom! – o rosto da Rosário ficava vermelho, não sei se por causa do frio ou do vinho.
A gorducha dá uma de suas gargalhada, faz uma expressão de “impróprio para menores”
- Dinorah, você não imagina o que aprontamos naquela terra, uma vez a Rosário fez xixi no balde - a gorducha sacode os peitos e a barriga de tanto rir - mas já faz tanto tempo que nem lembro mais... E se lembrar é melhor esquecer!

10 comentários:

  1. Dinorah,
    quase que eu fiz xixi, no chão!
    Adorei a faxina da Helga!
    Bj
    PAola

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  2. Oi Dinorah...

    Primeiro, obrigado pela visita de sempre e os vários comentários...
    Essa Helga é impagável mesmo ...hehehehe...
    Adoro a sua forma de contar as peripécias dela...

    Um lindo fim de dia, e uma semana abençoada para ti minha amiga...

    Bjos carinhosos !

    ps. esse texto merece ir pro Irmão das Estrelas...hehehehe

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  3. Oi Dinorah...voltei...
    Hehehe
    É que esqueci de dizer que aquele texto que leu, intitulado "E a semana é..." na realidade é de autoria desconhecida, e consta na Agenda de Frei Luiz que ganhei de Mônica (...um dia saberás sobre ela...hehehe)...

    Era isso...bem que gostaria que fosse meu...
    Beijos !

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  4. Chorei de rir com a dança do aspirador e a Bolota desta vez !
    Beijos querida

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  5. Muito engraçado a história da faxina. Morro de rir toda vez que passei por este blog e leio alguma postagem.

    Dinorah.. Quando seu blog vai virar um livro?

    Beijos

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  6. Dinorah, ouça o clamor do povo. Hehe Dinorah existe um site para publicação e venda de livros. Se quiser dps trocaremos figurinhas. De qualquer forma, não queremos pressionar, há pessoas que escrevem apenas para passar o tempo, sem maiores pretensões... Só não nos deixe de contar suas histórias.

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  7. Se virar livro...quero meu nome neleee!!!!
    Ai ai...sobre o post acima, me lembro de me sentir milionária tb, várias vezes..dá saudades daí, de vocês, do final do dia, da bicicleta...é bom né!
    bjos com saudades!
    E vamos tomar suco de romã...

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  8. Dinorah minha querida," ouça o clamor do povo"(2)rsrsrs concordo com a meninas,suas histórias são ótimas!
    Querida, obrigada pelas visitas e comentários lá no aniZ,sua opinião é muito importante.
    Beijo no coração querida.

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  9. Oi Dinorah, só agora vi a sua resposta no blog da Olly. (sobre funkeiras..rs.rs)
    Então, claro que AMIGAS PARA SEMPRE.

    Adorei conhecer seu cantinho e depois venho com calma para comentar seus posts..
    Abraços
    Núbia RJ

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  10. Núbia,
    Que maravilha que é ser perdoada!
    Obrigada, você é muito generosa.
    um abraço carinhoso.
    Dinorah

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