Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
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Dinorah

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domingo, 9 de maio de 2010

O que é uma vida saudável?



O que é uma vida saudável?
Hoje vou dar um conselho sem que ninguém tenha solicitado, mas ando muito indignada com estes programas de televisão, rádio,artigo de revista.
É sobre saúde. Vida saudável, o que presta o que não presta. O que a gente tem que fazer ou deixar de fazer.
A cada dia que passa a ciência descobre mais e mais coisas que matam, tal como sal, açúcar, carboidratos, gorduras com nome e sobrenome, trans, poli-insaturadas, mono insaturadas, álcool, proteínas...
Exercícios, estes também, sempre cheios de novidades, não podem feitos uma vez por semana, tem que ser todo o dia, desde o nascimento até a última caminhada até a sepultura.
Inclusive vi em algum lugar, não lembro onde, que surgiu uma nova teoria de um especialista muito renomado que defede a tese de que o mais saudável seria o defunto correr, assim como uma maratona, até o túmulo.
O morto não deve ter o caixão carregado num carrinho ou pelos emocionados familiares – estaria desperdiçando um último momento de fazer exercício e queimar algumas calorias.
Passei uma vida inteira me culpando a cada exagero cometido, a cada chocolate devorado, cada pãozinho com manteiga, a cada boa noitada de chope com muita batatinha frita.
Também carrego a culpa de dormir o sono dos deuses nos fins de semana, acordar com o travesseiro babado. Confesso que desligo o telefone para não ser interrompida nesse ato tão pecaminoso que é dormir o quanto puder.
Tudo isto é crime!
Inafiançável.
E a pena é, nada mais nada menos, que a de MORTE!
Também pratico outros delitos, fumo e adoro um joguinho de canastra.
Em certas ocasiões a compulsão é tanta que passo uma noite inteira, até o amanhecer, jogando carta com as amigas.
Nestas ocasiões não bebo, só fumo, quem sabe, a ausência de álcool possa diminuir a pena.
Vivi desde os cinco anos sob tortura.
Queria ser magra, alta, com um longelíneo pescoço, olhos azuis e uma linda e lisa cabeleira loura. Mas quis o destino que nascesse castanha, sem graça. Parda, nem branca, nem preta, baixinha e gordota, meio sem pescoço, quase uma tartaruga,
Ah! Usava óculos.
Uma vez resolvi seguir todas as instruções, para provar aos outros e a mim mesma de que era uma mulher que tinha autoestima, fiz regime, internei-me numa academia, dessas 24 horas. Pintei os cabelos de louro e coloquei lentes azuis.
Melhorei. Acho que fiquei um pouquinho atraente, ouvi alguns elogios com relação à força de vontade, mas nunca consegui transformar-me numa garça, ou num cisne.
É que minha alma é de tartaruga.
O tempo passou e a tartaruga voltou a assumir seu posto.
Agora estou aposentada do trabalho enfadonho e dei por encerrada a ansiedade de correr atrás do que não sou, mas continuo a ouvir que comer mata, beber mata, que, enfim, viver mata
Lembro da tortura que foi passar uma vida inteira, correndo desesperadamente atrás da perfeição alheia, uma vez que a perfeição não é minha. Ouvindo conversas de peagadês sobre vida saudável.
Até que um dia parei e me perguntei:
- O que será melhor, ou pior: morrer de comer ou morrer de não comer?
Afinal, de um dos dois, vou morrer.
Optei por morrer de comer, beber, dormir, e viver enquanto vida existir, afinal, depois, não terei mais por que me preocupar com lipídios, glicídios, colesterol.
Esta preocupação deixo para os bichinhos que irão se banquetear devorando um cadáver bem nutrido e saboroso.
Eles que se danem!

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