Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
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Dinorah

Dinorah

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

II. O avô


Baixinho, gordinho, de bombachas – no verão, eram cortadas transformando-se nas saias-calças mais esquisitas que se tem conhecimento. No inverno, um pesado poncho de lã de ovelha. Um boné que cobria a cabeça quase calva. Gostava muito do avô, beijava-o no rosto, mesmo que para isto tivesse que sentir sua barba espetando-lhe as bochechas.
Era escrivão, trabalhava no Fórum e, às vezes, levava-a para ajudá-lo. Ela lavava canetas tinteiro, arrumava gavetas, escrevia a máquina – que paciência ele deveria ter para aturar aquele menina xereta, perguntado, bisbilhotando tudo o que encontrasse.
Ela foi para escola aos cinco anos e quando foi passar as férias de inverno na casa do avô, já sabia ler. Ele, muito orgulhoso, pegou um jornal e pediu-lhe que lesse para um amigo.
- Cooo rrrre iiiiooo do pooo vo!
Fato tão relevante foi comemorado com pastéis de nata, feitos pela avó.
Também era historiador e jornalista. Sua mãe contava que fora metido a construir aviões – atualmente, o aeroporto da cidade tem o nome dele.
Gostava de festas – não esquece que foi ele que lhe ensinou a cantar a primeira marchinha de carnaval - Maracangalha. Gostava cerveja, de receber amigos, a casa estava sempre cheia. Contava anedotas e causos engraçados que ela adorava ouvir.

Qualquer assunto que surgisse, tirava as dúvidas no Rocha Pombo – se não estivesse ali, não existia!
Chamava a esposa de schatz - tesouro. No fundo, deveria ser romântico, naquele tempo, não era costume um homem chamar, publicamente, a mulher de tesouro...


“...O seu barba de farelo, não tem nada pra nos dar, tomara que nunca tenha, um cigarro pra fumar...” – cantou baixinho, como se ele estivesse lhe ouvindo.

Ele saberia interpretar a homenagem...

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