terça-feira, 5 de março de 2013
Droga de Helga!
Estou meio borocoxô. Não sei se é esta chuvinha, o resfriado, a preguiça...
- Hu hu! Olá Dinorah!
Ah meu Deus! Tudo menos uma visita da Helga! Não estou com vontade nenhuma de sair da minha concha, de encher os ouvidos com bobagens e asneiras. Não estou com vontade de rir – acho que gostaria mais é de chorar, sem saber por que nem por quem. Ai saco! Vou ter que dar um jeito e despachar a gorducha. Com uma cara azedíssima abro a porta e a criatura saltita na minha frente toda risonha e alegre. Tenho que dar um jeito de interromper o fluxo daquela energia alegrativa, afinal não estou a fim de ficar nem alegre nem feliz. Não entendi muito bem o traje que o ser estava usando. Uma coisa “temática” túnica indiana, faixa na testa, muitos colares e uma bolsa atravessada no ombro.
- Oi Helga – respondo com a cara amarrada e sem nenhuma empolgação.
- Dinorah, não adianta disfarçar, você estava assistindo “E o vento levou” e morrendo de chorar não é mesmo? Eu adoro chorar com a Scarlet...
- Helga, hoje não estou muito a fim de papo. Não estava assistindo nada e estou com vontade de ficar triste, de mau humor, azeda, de mal com a humanidade...
- Ah! Já sei! Você não está trocando seu azedume nem por uma mega sena acumulada não é? Sei bem como é isto. – Fala num tom de seriedade, demonstrando certa compreensão, fico aliviada. A criatura vai entender a minha idolatrada depressão e vai se mandar, deixando-me em paz. – Eu também, às vezes fico assim, não quero mais nada além de uma caixa de bombons e quem sabe uma coca zero.
- Eu não quero bombom nem coca zero. Só quero ficar sozinha. Sozinha entendeu Helga?
- Para com esta bobagem Dinorah, você nem viu o que tenho na minha bolsa – sacode uma enorme bolsa de tricô colorido na minha cara
- Trouxe uma coisa maravilhosa para curtirmos juntas.
O que será que a gorducha tem na bolsa? Pozac, valium, eufor? Mas eu não quero nada Quero ficar sozinha, com ela, esta depressão maravilhosa que me faz sentir um ser rastejante, sem serventia, só sentido pena de mim mesma. É tão horrível! Tão bom para me lastimar.
- Tá bom Helga, entre. O que você tem aí? – não adianta, eu conheço a praga. Ela não vai desistir então o melhor que posso fazer é ouvi-la e despachá-la em seguida.
- Tchan! Tchan! Tchan! – mostra uma caixinha de fósforo – Dinorah! Há quanto tempo você não dá um tapinha?
- Helga, eu não acredito que uma velha como você agora deu para fumar maconha?
- Ora, ora, vamos parar com esta repressão! Há muito tempo passamos da idade de “pegar o vício”, naquele tempo até que fumamos pouco. Vivíamos com um bando de loucos e no fim éramos quase caretas. Ganhei unzinho de uma amiga, guardei para uma ocasião especial e acho que este dia chegou. Vamos lá garota! Vamos reviver Woodstock! – esta criatura tem o dom de me tirar do sério, mas não sei como não rir daquele estrupício. O que é que uma velha daquelas quer fumando maconha?
- Criatura eu nem sei mais como se fuma isto, aliás, sempre achei meio saco não existir um fininho com filtro ou com piteira, sempre acabava por queimar as pontas dos dedos e os beiços. - Não se preocupe, tem um grampo aqui. Eu também não sei fumar muito bem.
Ajeita daqui, ajeita dali, a gorducha “ligou” a droga – literalmente – deu uma tragada e meio fanha exclamou:
- Maresshhhia... maressshhia. Dinorah, dá um tapinha.. – a gorducha estatelou-se entre almofadas que jogou no chão e, como se fosse uma metamorfose simbiótica, não se podia definir onde começavam as almofadas e onde terminava a Helga. Fumamos um baseado consideravelmente grande. Falei que estava achando meio estranho o gosto da porcaria, ela me garantiu que era a falta de prática. Que era erva das boas – “da lata”! Helga começou a delirar, falava mais asneiras do que nunca. Normalmente, de cara, ela é uma asneira ambulante, mas assim, drogada, era muito pior. Começamos a rir por qualquer bobagem. Helga me perguntou se eu já estava vendo elefante cor de rosa voando, gargalhávamos, chorávamos e ríamos ao mesmo tempo. Não sei quanto tempo ficamos assim, até que de repente a gorducha levantou.
- E aí velha Dinorah de guerra? Gostou da farra?
- Poxa Helga, quanto tempo eu não ria deste jeito, só mesmo com uma maconha, suspirei.
- Maconha nada doidinha! Fiz uma mistura de uns matinhos com orégano. Dinorah, você precisa gostar mais de ser feliz!
- Helga, você me paga! – fiquei furiosa, joguei uma porção de almofadas naquela criatura horrorosa. Chamei-a de mau caráter, desonesta, falcatrua, 171!
- Tchau Dinorah! Já vou. Consegui trocar sua autocomiseração por raiva de mim. É uma boa troca. - Bateu a porta e foi-se embora.
Fiquei ali, morrendo de ódio daquela velha hippie. Droga! E agora? Cadê a depressão que estava aqui? Procuro por todos os cantos e não consigo encontrá-la.
Vai ver a gorducha levou-a na bolsa! Droga!
- Hu hu! Olá Dinorah!
Ah meu Deus! Tudo menos uma visita da Helga! Não estou com vontade nenhuma de sair da minha concha, de encher os ouvidos com bobagens e asneiras. Não estou com vontade de rir – acho que gostaria mais é de chorar, sem saber por que nem por quem. Ai saco! Vou ter que dar um jeito e despachar a gorducha. Com uma cara azedíssima abro a porta e a criatura saltita na minha frente toda risonha e alegre. Tenho que dar um jeito de interromper o fluxo daquela energia alegrativa, afinal não estou a fim de ficar nem alegre nem feliz. Não entendi muito bem o traje que o ser estava usando. Uma coisa “temática” túnica indiana, faixa na testa, muitos colares e uma bolsa atravessada no ombro.
- Oi Helga – respondo com a cara amarrada e sem nenhuma empolgação.
- Dinorah, não adianta disfarçar, você estava assistindo “E o vento levou” e morrendo de chorar não é mesmo? Eu adoro chorar com a Scarlet...
- Helga, hoje não estou muito a fim de papo. Não estava assistindo nada e estou com vontade de ficar triste, de mau humor, azeda, de mal com a humanidade...
- Ah! Já sei! Você não está trocando seu azedume nem por uma mega sena acumulada não é? Sei bem como é isto. – Fala num tom de seriedade, demonstrando certa compreensão, fico aliviada. A criatura vai entender a minha idolatrada depressão e vai se mandar, deixando-me em paz. – Eu também, às vezes fico assim, não quero mais nada além de uma caixa de bombons e quem sabe uma coca zero.
- Eu não quero bombom nem coca zero. Só quero ficar sozinha. Sozinha entendeu Helga?
- Para com esta bobagem Dinorah, você nem viu o que tenho na minha bolsa – sacode uma enorme bolsa de tricô colorido na minha cara
- Trouxe uma coisa maravilhosa para curtirmos juntas.
O que será que a gorducha tem na bolsa? Pozac, valium, eufor? Mas eu não quero nada Quero ficar sozinha, com ela, esta depressão maravilhosa que me faz sentir um ser rastejante, sem serventia, só sentido pena de mim mesma. É tão horrível! Tão bom para me lastimar.
- Tá bom Helga, entre. O que você tem aí? – não adianta, eu conheço a praga. Ela não vai desistir então o melhor que posso fazer é ouvi-la e despachá-la em seguida.
- Tchan! Tchan! Tchan! – mostra uma caixinha de fósforo – Dinorah! Há quanto tempo você não dá um tapinha?
- Helga, eu não acredito que uma velha como você agora deu para fumar maconha?
- Ora, ora, vamos parar com esta repressão! Há muito tempo passamos da idade de “pegar o vício”, naquele tempo até que fumamos pouco. Vivíamos com um bando de loucos e no fim éramos quase caretas. Ganhei unzinho de uma amiga, guardei para uma ocasião especial e acho que este dia chegou. Vamos lá garota! Vamos reviver Woodstock! – esta criatura tem o dom de me tirar do sério, mas não sei como não rir daquele estrupício. O que é que uma velha daquelas quer fumando maconha?
- Criatura eu nem sei mais como se fuma isto, aliás, sempre achei meio saco não existir um fininho com filtro ou com piteira, sempre acabava por queimar as pontas dos dedos e os beiços. - Não se preocupe, tem um grampo aqui. Eu também não sei fumar muito bem.
Ajeita daqui, ajeita dali, a gorducha “ligou” a droga – literalmente – deu uma tragada e meio fanha exclamou:
- Maresshhhia... maressshhia. Dinorah, dá um tapinha.. – a gorducha estatelou-se entre almofadas que jogou no chão e, como se fosse uma metamorfose simbiótica, não se podia definir onde começavam as almofadas e onde terminava a Helga. Fumamos um baseado consideravelmente grande. Falei que estava achando meio estranho o gosto da porcaria, ela me garantiu que era a falta de prática. Que era erva das boas – “da lata”! Helga começou a delirar, falava mais asneiras do que nunca. Normalmente, de cara, ela é uma asneira ambulante, mas assim, drogada, era muito pior. Começamos a rir por qualquer bobagem. Helga me perguntou se eu já estava vendo elefante cor de rosa voando, gargalhávamos, chorávamos e ríamos ao mesmo tempo. Não sei quanto tempo ficamos assim, até que de repente a gorducha levantou.
- E aí velha Dinorah de guerra? Gostou da farra?
- Poxa Helga, quanto tempo eu não ria deste jeito, só mesmo com uma maconha, suspirei.
- Maconha nada doidinha! Fiz uma mistura de uns matinhos com orégano. Dinorah, você precisa gostar mais de ser feliz!
- Helga, você me paga! – fiquei furiosa, joguei uma porção de almofadas naquela criatura horrorosa. Chamei-a de mau caráter, desonesta, falcatrua, 171!
- Tchau Dinorah! Já vou. Consegui trocar sua autocomiseração por raiva de mim. É uma boa troca. - Bateu a porta e foi-se embora.
Fiquei ali, morrendo de ódio daquela velha hippie. Droga! E agora? Cadê a depressão que estava aqui? Procuro por todos os cantos e não consigo encontrá-la.
Vai ver a gorducha levou-a na bolsa! Droga!
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
PONTO DE VISTA
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
AMÉM!
Acabou o ano letivo, só falta o Conselho de Classe!
No início do ano fiquei assustada, pensei que não venceria, que não daria conta de onze turmas de 5ª série, cerca de 450 alunos, dos 11 aos 17 anos.
Para minha surpresa, o ano acabou num piscar de olhos. Estou aqui, muito saudável, seguindo a risca o preceito de Nietzsche – “o que não nos mata nos fortalece” - traduzido por minha vó Vina: “O que não mata, engorda”.
Não morri, logo...
Deste ano levo várias recordações como a dos dias que saía de casa cansada, achando que não venceria o caminho até a escola – o caminho mais rápido leva cinco minutos a pé. Já o mais longo, com vista para o mar, cerca de 10, com direito a parada para admirar a paisagem.
Nestes dias em que me achava muito cansada, normalmente voltava muito falante, contando o que tinha assistido, como por exemplo, o causo do cachorro.
- Este é o “Lavrador de Café”, uma das obras mais famosas de Portinari.
- Professora, onde está o cachorro?
- Que cachorro?
- o Lavrador, ôxi!
Bem, eles me sugaram muita energia, mas admito, suguei muito mais deles.
....
No momento em que escrevia, ouvi batidas no portão. Fui atender e lá estavam alguns alunos que, durante este ano, me visitaram várias vezes, tomaram vários refrigerantes e comeram muitas bolachas por aqui. Eles acham o máximo me visitar, bisbilhotar, perguntar sobre tudo. Ficam felizes quando digo que não tenho filhos, pedem para ser adotados.
- Vocês estão doidos? Não basta aguentar vocês na sala de aula ainda querem morar comigo? Deus é mais!
Mas hoje a visita foi rápida.
- Professora, nós só passamos para avisar que passamos de ano, vamos para a 6ª série!
Abraço, beijo e digo:
- Antes que vocês percebam, estarão passando aqui para dizer que já estão na faculdade...
AMÉM!
domingo, 5 de agosto de 2012
Cadum tem a manicure que merece...
- Dona Dinorah, não vou poder lhe atender hoje. Me deu um torcicólogo no pé. Acho que vou tomar um banho de folha. Minha humanidade está tão baixa que nem bem me curei de uma gripe e acontece esta miséria com meu pé....
domingo, 22 de julho de 2012
O que é um rouxinol?
Dia 10 de agosto Jorge Amado completaria 100 anos, razão pela qual as escolas, principalmente na terra do Amado Jorge, estão falando, ensinando, discutindo o autor. Como sabemos, Jorge era especialista em apimentar seus romances com muito sexo e “ousadias”. “O Goleiro e a Bola” e “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”, este último escrito para seu filho João Jorge, como presente de aniversário pelo seu primeiro ano de vida, são os únicos infantis.
O Gato Malhado é uma das obras mais lindas que já li, é de uma poesia, uma delicadeza, uma inteligência, coisas do genial Jorge.
Contando a história, ouvi outras:
-... Então, apesar do Gato e da Andorinha serem apaixonados um pelo outro, ela se casou com o Rouxinol...
- Professora, o que é um rouxinol?
Outro aluno, na ânsia de resolver o problema do colega, atropela e responde:
- Rouxinol é o apelido do penico de meu avô!
Explico que o “apelido” do penico não é rouxinol, é urinol.
Dúvida esclarecida, passamos aos desenhos.
Um gato, com os braços em posição atlética, cheio de muque – era o Gato Sarado. Explico que o gato é MALHADO, isto é, com malhas, listras e não sarado de exercícios. Adiante corrijo: O nome da Andorinha é SINHÁ e não Sem Ar.
Jorge era poeta, um escritor genial, tinha imaginação, mas imaginação mesmo tem esta criançada maravilhosa!
O Gato Malhado é uma das obras mais lindas que já li, é de uma poesia, uma delicadeza, uma inteligência, coisas do genial Jorge.
Contando a história, ouvi outras:
-... Então, apesar do Gato e da Andorinha serem apaixonados um pelo outro, ela se casou com o Rouxinol...
- Professora, o que é um rouxinol?
Outro aluno, na ânsia de resolver o problema do colega, atropela e responde:
- Rouxinol é o apelido do penico de meu avô!
Explico que o “apelido” do penico não é rouxinol, é urinol.
Dúvida esclarecida, passamos aos desenhos.
Um gato, com os braços em posição atlética, cheio de muque – era o Gato Sarado. Explico que o gato é MALHADO, isto é, com malhas, listras e não sarado de exercícios. Adiante corrijo: O nome da Andorinha é SINHÁ e não Sem Ar.
Jorge era poeta, um escritor genial, tinha imaginação, mas imaginação mesmo tem esta criançada maravilhosa!
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Desde o Natal estou recebendo visitas, o que deve se prolongar até o carnaval. Afinal, quem não quer passar uma temporada na paradisíaca Marambaia?
Visita é bom, mas que cansa, cansa. Dizem que é como peixe, que depois do terceiro dia começa a feder.
Confesso que não concordo, de forma tão taxativa, com o ditado.
Algumas visitas já começam a feder nos primeiros cinco minutos – aquela que trouxe o cachorro-filho para almoçar na mesa conosco, colocou o pratinho de ração ao lado do meu – que não era de ração - e dizia para o bichinho: - Come filhinho, a titia (eu) está comendo tudinho. Depois, quando o bichinho, perdão, filhinho, fez cocô no meio da sala ela ficou muito feliz: Que bom! Ele já está se sentindo à vontade!
Tem visita que vem abarrotada de picanha e costela gorda, vinho, temperos variados, são generosas, tentam não atrapalhar o ritmo da casa.
Outras possuem um ritmo diferente, mas não atrapalham, “são de casa”. Uns mais aloprados, falam e riem alto. Outros mais contidos preferem apenas observar e não comentar. Tem os que comem de tudo – até bolo solado e dizem que nem está tão ruim assim. Tem aqueles para quem nada é bom o suficiente. Os que saem e voltam com uma coca cola, ou cerveja. Já outros usam o seu xampu, filtro solar e ainda reclamam que não é o ideal para a sua – a dele - pele ou o cabelo. Os extrovertidos que exibem suas conquistas, e os calados, ninguém jamais saberá quantos títulos possuem. Os que vão embora e deixam um sem número de objetos, desde havaianas, chapéus, cremes. Os que tiram a roupa que estão usando, porque que você elogiou – Fique com ela! Depois compro outra! Os intelectuais generosos, que trazem os bons livros que já leram. Os intelectuais egoístas que, enfiando rapidinho o livro na mala pensando consigo mesmo: - Já li, mas você jamais saberá o que está escrito nestas páginas!
Os doidivanas, que saem com você, pagam jantar no restaurante mais caro do lugar, pedem o melhor vinho e escolhem você para compartilhar este momento de prazer.
Tem aqueles que antes de ir embora, compram algo que sentiram que estava fazendo falta em sua casa.
A conclusão é a seguinte: visitas são uma pequena amostragem dos seres humanos que habitam a terra. Descobri que se dividem entre generosos e egoístas. Assim como imagino que se divida a humanidade.
Descobrir o que faz uma pessoa ser generosa não é difícil. Acredito que o simples fato de compartilhar, seja lá o que for material ou emocional, já é o próprio prazer.
Descobrir o prazer que o egoísta sente foi mais difícil, sem ainda ter certeza, acredito que o egoísta sente prazer em contabilizar o quanto pode tirar proveito do outro – tipo assim: - Usei uma mãozada de xampu alheio, logo, economizei o meu! Oh! Que prazer! Ou: - Ele estava querendo um abraço, um carinho, um elogio, mas não dei! Eu sou o máximo! Não dou nada! Só exploro os incautos generosos.
Assim, entre generosos e egoístas vou avaliando quanto tempo o peixe leva para feder e confesso que, já sinto uma baita saudade de algumas visitas que já se foram...
Visita é bom, mas que cansa, cansa. Dizem que é como peixe, que depois do terceiro dia começa a feder.
Confesso que não concordo, de forma tão taxativa, com o ditado.
Algumas visitas já começam a feder nos primeiros cinco minutos – aquela que trouxe o cachorro-filho para almoçar na mesa conosco, colocou o pratinho de ração ao lado do meu – que não era de ração - e dizia para o bichinho: - Come filhinho, a titia (eu) está comendo tudinho. Depois, quando o bichinho, perdão, filhinho, fez cocô no meio da sala ela ficou muito feliz: Que bom! Ele já está se sentindo à vontade!
Tem visita que vem abarrotada de picanha e costela gorda, vinho, temperos variados, são generosas, tentam não atrapalhar o ritmo da casa.
Outras possuem um ritmo diferente, mas não atrapalham, “são de casa”. Uns mais aloprados, falam e riem alto. Outros mais contidos preferem apenas observar e não comentar. Tem os que comem de tudo – até bolo solado e dizem que nem está tão ruim assim. Tem aqueles para quem nada é bom o suficiente. Os que saem e voltam com uma coca cola, ou cerveja. Já outros usam o seu xampu, filtro solar e ainda reclamam que não é o ideal para a sua – a dele - pele ou o cabelo. Os extrovertidos que exibem suas conquistas, e os calados, ninguém jamais saberá quantos títulos possuem. Os que vão embora e deixam um sem número de objetos, desde havaianas, chapéus, cremes. Os que tiram a roupa que estão usando, porque que você elogiou – Fique com ela! Depois compro outra! Os intelectuais generosos, que trazem os bons livros que já leram. Os intelectuais egoístas que, enfiando rapidinho o livro na mala pensando consigo mesmo: - Já li, mas você jamais saberá o que está escrito nestas páginas!
Os doidivanas, que saem com você, pagam jantar no restaurante mais caro do lugar, pedem o melhor vinho e escolhem você para compartilhar este momento de prazer.
Tem aqueles que antes de ir embora, compram algo que sentiram que estava fazendo falta em sua casa.
A conclusão é a seguinte: visitas são uma pequena amostragem dos seres humanos que habitam a terra. Descobri que se dividem entre generosos e egoístas. Assim como imagino que se divida a humanidade.
Descobrir o que faz uma pessoa ser generosa não é difícil. Acredito que o simples fato de compartilhar, seja lá o que for material ou emocional, já é o próprio prazer.
Descobrir o prazer que o egoísta sente foi mais difícil, sem ainda ter certeza, acredito que o egoísta sente prazer em contabilizar o quanto pode tirar proveito do outro – tipo assim: - Usei uma mãozada de xampu alheio, logo, economizei o meu! Oh! Que prazer! Ou: - Ele estava querendo um abraço, um carinho, um elogio, mas não dei! Eu sou o máximo! Não dou nada! Só exploro os incautos generosos.
Assim, entre generosos e egoístas vou avaliando quanto tempo o peixe leva para feder e confesso que, já sinto uma baita saudade de algumas visitas que já se foram...
... Mas que vou descansar um pouquinho, vou!
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
MANTRA DE 2012
Sente aí meu irmão
É uma coisa rara de ver
O ano é bom, muito bom
Estou feliz podes crer
e
Por onde fores minha princesa
Serei teu vento, tua certeza
E os caminhos do alto por mais baixos que forem
Serão nosso alento, nosso abrigo, nossas flores
É uma coisa rara de ver
O ano é bom, muito bom
Estou feliz podes crer
e
Por onde fores minha princesa
Serei teu vento, tua certeza
E os caminhos do alto por mais baixos que forem
Serão nosso alento, nosso abrigo, nossas flores
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