Sente aí meu irmão É uma coisa rara de ver O ano é bom, muito bom Estou feliz podes crer
A história de Dinorah você encontra em: DINORACOMAGANOFIM: Muito Prazer! Dinoracomagánofim.



Dinorah

Dinorah

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Desde o Natal estou recebendo visitas, o que deve se prolongar até o carnaval. Afinal, quem não quer passar uma temporada na paradisíaca Marambaia?
Visita é bom, mas que cansa, cansa. Dizem que é como peixe, que depois do terceiro dia começa a feder.
Confesso que não concordo, de forma tão taxativa, com o ditado.
Algumas visitas já começam a feder nos primeiros cinco minutos – aquela que trouxe o cachorro-filho para almoçar na mesa conosco, colocou o pratinho de ração ao lado do meu – que não era de ração - e dizia para o bichinho: - Come filhinho, a titia (eu) está comendo tudinho. Depois, quando o bichinho, perdão, filhinho, fez cocô no meio da sala ela ficou muito feliz: Que bom! Ele já está se sentindo à vontade!
Tem visita que vem abarrotada de picanha e costela gorda, vinho, temperos variados, são generosas, tentam não atrapalhar o ritmo da casa.
Outras possuem um ritmo diferente, mas não atrapalham, “são de casa”. Uns mais aloprados, falam e riem alto. Outros mais contidos preferem apenas observar e não comentar. Tem os que comem de tudo – até bolo solado e dizem que nem está tão ruim assim. Tem aqueles para quem nada é bom o suficiente. Os que saem e voltam com uma coca cola, ou cerveja. Já outros usam o seu xampu, filtro solar e ainda reclamam que não é o ideal para a sua – a dele - pele ou o cabelo. Os extrovertidos que exibem suas conquistas, e os calados, ninguém jamais saberá quantos títulos possuem. Os que vão embora e deixam um sem número de objetos, desde havaianas, chapéus, cremes. Os que tiram a roupa que estão usando, porque que você elogiou – Fique com ela! Depois compro outra! Os intelectuais generosos, que trazem os bons livros que já leram. Os intelectuais egoístas que, enfiando rapidinho o livro na mala pensando consigo mesmo: - Já li, mas você jamais saberá o que está escrito nestas páginas!
Os doidivanas, que saem com você, pagam jantar no restaurante mais caro do lugar, pedem o melhor vinho e escolhem você para compartilhar este momento de prazer.
Tem aqueles que antes de ir embora, compram algo que sentiram que estava fazendo falta em sua casa.
A conclusão é a seguinte: visitas são uma pequena amostragem dos seres humanos que habitam a terra. Descobri que se dividem entre generosos e egoístas. Assim como imagino que se divida a humanidade.
Descobrir o que faz uma pessoa ser generosa não é difícil. Acredito que o simples fato de compartilhar, seja lá o que for material ou emocional, já é o próprio prazer.
Descobrir o prazer que o egoísta sente foi mais difícil, sem ainda ter certeza, acredito que o egoísta sente prazer em contabilizar o quanto pode tirar proveito do outro – tipo assim: - Usei uma mãozada de xampu alheio, logo, economizei o meu! Oh! Que prazer! Ou: - Ele estava querendo um abraço, um carinho, um elogio, mas não dei! Eu sou o máximo! Não dou nada! Só exploro os incautos generosos.
Assim, entre generosos e egoístas vou avaliando quanto tempo o peixe leva para feder e confesso que, já sinto uma baita saudade de algumas visitas que já se foram...






... Mas que vou descansar um pouquinho, vou!